Vacina contra Covid-19: “É direito das crianças”, afirma a ministra da Saúde

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participou nesta terça-feira (28/11) de uma audiência, na Comissão de Fiscalização, Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados. Ela explicou sobre as principais ações do ministério e a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 para crianças de 6 meses a 5 anos. Ela defendeu que as vacinas salvam vidas e criticou o negacionismo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores.

Durante a audiência pública, os deputados bolsonaristas criticaram a obrigatoriedade da vacina para crianças e disseminaram fake news sobre a eficácia, já comprovada, dos imunizantes. O deputado Jorge Solla (PT-BA), que é médico, disse que o discurso desses parlamentares é um “movimento antivacina” e “criminoso.

“É movimento antivacina, sim. Não dá para negar que vocês estão contrapondo ciência à ideologia. Vocês estão pregando o achismo, propagando mentiras, disseminando terror (…) vocês sabem que a vacina é cientificamente comprovada, vocês se utilizam da política e partidariamente para falar com suas bolhas. Fazem uso político-partidário da vida das pessoas. Vocês fazem uso eleitoreiro da proteção à saúde do povo brasileiro. Vocês não estão questionando dogmas científicos, práticas médicas. Vocês estão se utilizando, de forma irresponsável, criminosa, de um discurso mentiroso”.

Solla denunciou que o governo anterior derrubou a cobertura vacinal de forma “criminosa”. “Nós não podemos admitir, eu não posso compactuar com a forma criminosa com que vocês derrubaram a cobertura vacinal nesse País e a forma criminosa, e mais irresponsável ainda, que vocês continuam se utilizando do discurso antivacina para tentar manter uma bolha de apoiadores”.

A ministra Nísia Trindade destacou que ao seguir as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), no final de outubro deste ano, o ministério incluiu a vacina da Covid no Programa Nacional de Imunização (PNI) para menores de 5 anos e grupos com maior risco de desenvolver as formas graves da doença, como idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas e pessoas com comorbidades. A mudança considera o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre as crianças no Brasil.

“Trata-se de dar à vacina contra a Covid-19 o mesmo status das demais vacinas que compõem o Programa Nacional de Imunizações. Porque essa vacina se mostrou eficaz e efetiva. E ainda mais: porque isso considera os dados epidemiológicos existentes no País em relação à Covid-19. Foram identificados 3.379 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em menores de 1 ano, e 1707 nos de 1 a 4 anos, infelizmente, evoluíram a óbito”, informou Nísia Trindade.

A ministra lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a vacinação e o cuidado com a população infantil como uma obrigação do Estado e da sociedade, através de suas famílias. “Trata-se de um direito das nossas crianças que eu quero, aqui, reiterar. A vacina de Covid-19 foi incluída, a partir dessas premissas no PNI. E, a partir de 2024, portanto, o imunizante, assim como a vacina contra a pólio, para sarampo e tantas outras, têm que estar disponíveis”.

Desafio

Nísia Trindade ainda destacou que o maior desafio enfrentado por sua gestão é recuperar as coberturas vacinais no Brasil, não apenas da Covid-19, mas de todas os imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde. Com o discurso antivacina disseminado por bolsonaristas negacionistas, a cobertura vacinal no País caiu. “Devo dizer, com toda clareza, que o que foi feito no governo anterior teve efeito não apenas para a Covid-19, mas para todas as vacinas”.

Segundo a ministra, uma pesquisa realizada no mês de outubro pelo Instituto Democracia fez a seguinte afirmativa para a população: ‘Vacinas fazem mais mal do que bem às crianças’. Os entrevistados deveriam responder se era “verdadeiro” ou “falso”. O resultado mostrou que 20% disseram que era verdade, que fazia mais mal do que bem. “Não dá para separar as questões. O que se diz sobre uma vacina tem implicações na credibilidade no PNI”.

Para o deputado Padre João (PT-MG) o maior desafio do Ministério da Saúde será recuperar a credibilidade nas vacinas. “A ação mais criminosa e desrespeitosa que eles [governo Bolsonaro e apoiadores] promoveram será o maior desafio de Vossa Excelência e de toda a equipe, que é reconstruir a cultura em relação à vacina que eles conseguiram pôr em dúvida. Essa foi a maior crueldade, maior irresponsabilidade com inocentes, com crianças. E são capazes de dizer que defendem a família, enquanto colocam em situação de vulnerabilidade as crianças, é cruel e covarde”.

Sabotagem

O deputado Alencar Santana (PT-SP), líder do governo na Câmara em exercício, parabenizou a condução da ministra na saúde pública que está sendo reconstruída com muitos avanços. Ele também apontou que as falas dos deputados bolsonaristas criticando a política de vacinação demonstra que o desgoverno Bolsonaro sabotou as vacinas da Covid-19 e colocou em risco a vida dos brasileiros. “É uma demonstração clara, inequívoca de que o governo anterior sabotou a vacinação e a saúde pública. Aqueles que apoiam o ex-presidente Bolsonaro estão fazendo a crítica à política de vacinação no nosso País, justamente porque eles sabotaram quando eram governo e colocaram um ministro que sequer sabia onde era Manaus, isso porque era bom em logística”, disse ao referir-se ao General Eduardo Pazuello.

“É inegável que vacinas salvam vidas. Que vacinas são necessárias. Depois de uma pandemia em que nós tivemos 700 mil mortes, com milhões de pessoas que tiveram covid – muitos porque entenderam que não deveriam tomar a vacina – nós não podemos ter dúvida sobre as vacinas”, argumentou o deputado Tadeu Veneri (PT-PR).

Do PT na Câmara

 

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