Mais de 15 milhões de brasileiras recebem até um salário mínimo, que representa 42% das mulheres ocupadas no país. Cerca de 22% são mães solo com filhos de mais de 12 anos.
A equipe de transição já sentou à mesa e estabeleceu como prioridade do governo Lula e Alckmin o reajuste do salário mínimo acima da inflação, a partir de 1º de janeiro de 2023.
Com essa iniciativa, o futuro governo já atua para melhorar a vida das trabalhadoras brasileiras. Até o início deste ano, 42% das mulheres ocupadas no Brasil recebiam até um salário-mínimo, isso significa mais de 15 milhões de trabalhadoras que sustentam suas famílias, enfrentando um salário congelado e a brutal alta do preço dos alimentos, do gás e das contas domésticas dos últimos quatro anos.
“Tem muito mais mulheres no mercado de trabalho que recebem até um salário-mínimo do que os homens proporcionalmente. Isso significa que o impacto do reajuste do salário-mínimo beneficia diretamente muito mais mulheres”, explica a economista da Unicamp, Marilane Teixeira.
E o impacto do reajuste do salário mínimo não fica restrita às mulheres urbanas e na ativa. Segundo a economista, a média das trabalhadoras rurais que estão aposentadas também ganham até um salário-mínimo.
O Brasil das mães solo que sustentam seus filhos
O reajuste do salário-mínimo acima da inflação tem impacto direto no futuro das famílias. A especialista ressalta que as mulheres cujos rendimentos giram em torno de um salário-mínimo, cerca de 14% são trabalhadoras sem cônjuge com filhos em idade pré-escolar. Se considerarmos as mães solo com filhos em idade escolar, o índice chega a 18%; e com filhos maiores de 12 anos chega a 22%. Esse é o retrato das famílias que sobrevivem com apenas um salário-mínimo.
Quando se olha para os homens, por exemplo, na mesma situação: homens sem cônjuge responsáveis pelos filhos em qualquer faixa etária, o percentual não ultrapassa 4%.
“Este é só o começo de um futuro governo que vai priorizar as mulheres nas políticas públicas com justiça social, igualdade de gênero e o direito a viver com dignidade”, ressalta Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.
Desafios das próximas semanas
O Congresso tem até dezembro para aprovar o orçamento, já incluindo os reajustes, e o atual presidente tem até o dia 31 para sancionar. Marilane reforça que o grande desafio do futuro governo Lula é justamente estabelecer um diálogo com o Congresso atual para assegurar que as emendas propostas no orçamento para viabilizar o orçamento de 2023 estejam alinhadas com os interesses da população brasileira.
Como Bolsonaro não garantiu verbas para programas elementares como Farmácia Popular, merenda escolar, manutenção do Auxílio em 600 reais, além do rombo anunciado pelo próprio Guedes, a equipe de transição e o Congresso terão que se esforçar em torno do combate à fome e da garantia de dignidade para o povo brasileiro no próximo período.
“É preciso aprovar um orçamento mais compatível com um governo democrático e popular, preocupado com a população”, esclarece a economista.
Ana Clara Ferrari, Agência Todas