Terrorismo bolsonarista: criminosos serão identificados e inquéritos, abertos

“Crimes políticos são de competência federal e, em janeiro, serão tomadas as providências que não foram agora possíveis”, alertou Flávio Dino. “Bolsonaro continua incentivando ativistas fascistas”, condenou Lula

Os atos terroristas cometidos por vândalos apoiadores de Jair Bolsonaro, na noite da segunda-feira (12), deixaram um rastro de destruição e horror na capital federal e, estranhamente, ainda não resultaram na punição de nenhum dos criminosos. Os bolsonaristas incendiaram ônibus e carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal. Mas os criminosos serão identificados e responderão por seus crimes, garantiu o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, na noite de encerramento dos trabalhos do Gabinete de Transição, nesta terça-feira (13).

“Todas as pessoas estão sendo identificadas, rigorosamente todas, todos os inquéritos cabíveis serão feitos”, assegurou Dino. Ele lembrou os artigos 109 e 144 da Constituição: “Crimes políticos são de competência federal e, a partir do dia 1º de janeiro, serão tomadas as providências que não foram agora possíveis”, advertiu.

AI-5 nunca mais

Dino lembrou que o 13 de dezembro também marcou um período de escuridão para o povo brasileiro quando, em 1968, a ditadura militar decretou o AI-5, instrumento responsável por crimes de tortura e mortes no Brasil. A história, no entanto desta vez, não se repetirá, advertiu o senador eleito.

“Este 13 de dezembro de 2022 é a prova de que nunca mais o Brasil vai viver aquele 13 de dezembro do AI-5. A democracia venceu e vai continuar a vencer, de modo que gostei muito do termo que Alckmin usou, de presidente sainte. Em 1º de janeiro vai sair o presidente sainte e o presidente entrante vai entrar”, declarou.

Terrorismo tem origem em Bolsonaro

A desordem provocada pelos vândalos, muitos dos quais também estão concentrados nos quartéis com anuência das Forças Armadas, encontra raízes no golpismo escancarado de Bolsonaro. Inconformado com a derrota eleitoral, o extremista estimula os atos antidemocráticos enquanto ganha tempo para continuar sonhando em anular as eleições, como lembrou o presidente eleito Lula, na mesma cerimônia de encerramento da Transição.

“Esse cidadão até agora não reconheceu sua derrota, continua incentivando s ativistas fascistas que estão na rua, ontem ele recebeu esse pessoal no Palácio do Alvorada”, disse Lula. “Ele segue o rito de todos os fascistas no mundo”, alertou, citando outros líderes mundiais da extrema direita.

A virulência do ódio bolsonarista também foi alvo da indignação da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). “Ontem eu denunciei na tribuna da Câmara dos Deputados os atos de terrorismo que aconteceram em Brasília. Não podemos mais tolerar a violência e os atentados à nossa democracia”, clamou Benedita.

Bom dia! Ontem eu denunciei na tribuna da Câmara dos Deputados os atos de terrorismo que aconteceram em Brasília. Não podemos mais tolerar a violência e os atentados à nossa democracia! pic.twitter.com/qKZDJOzfa9

— Benedita da Silva (@dasilvabenedita) December 14, 2022

Bolsonaro continua tramando golpe, diz site

Enquanto isso, Bolsonaro segue atentando contra a democracia, aponta o site de notícias Metrópoles. De acordo com o portal, o extremista tenta última cartada para anular eleições. Bolsonaro estaria pressionando Valdemar Costa Neto, presidente do PL, por nova ação para inflamar as ruas.

A ação que seria protocolada na Justiça pediria novas eleições, sob alegação de fraude, revelou a agência de notícias.

Comunidade internacional reage em defesa da democracia

As constantes ameaças à democracia feitas por Bolsonaro e seus seguidores levaram a comunidade internacional a reagir. De acordo com o colunista do UOL Jamil Chade, diplomacias estrangeiras estão empenhadas em uma mobilização em torno da defesa da democracia para assegurar que o resultado das eleições seja respeitado.

A articulação ajudaria a garantir que Lula seja empossado sem sustos no dia 1º de janeiro. Segundo Chade, que ouviu diplomatas estrangeiros, o objetivo é trazer ao Brasil o maior número possível de chefes de estado, de governo, chanceleres e lideranças internacionais para a cerimônia de posse.

De acordo com Chade, “capitais europeias e norte-americanas montaram uma espécie de força-tarefa para chancelar os resultados das urnas no Brasil. E, de fato, foi isso o que ocorreu nos minutos que se seguiram ao anúncio da vitória de Lula”.

“Mas a percepção é de que o esforço precisa ser mantido, diante do risco de que o período até a posse seja usado para criar distúrbios sociais e questionamento do processo eleitoral”, escreveu o colunista.

Da Redação, com UOL

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