Uma das melhores definições dos acampamentos golpistas armados diante de quartéis do Exército foi dada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino: “incubadoras de terroristas”. Pois as investigações ocorridas após os atentados de 8 de janeiro mostram que outro local merece ser chamado da mesma forma: o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves no governo de Jair Bolsonaro.
Hoje senadora, Damares teve como assessores ao menos quatro pessoas envolvidas no ataque de 8 de janeiro ou em eventos que antecederam o golpe frustrado. Um deles, pasmem, é Wellington Macedo de Souza, um dos três homens que tentaram explodir um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.
Em 2019,Wellington trabalhou por nove meses como assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e, nessa condição, chegou a participar de audiência na Câmara dos Deputados.
Três anos depois, ele foi apontado como um dos três terroristas envolvidos na tentativa de explodir o aeroporto da capital.
Os outros dos criminosos, Alan Diego dos Santos Rodrigues e George Washington Oliveira de Sousa, já foram condenados.Wellington, no entanto, está foragido da Justiça. A expectativa é que a CPMI do Golpe consiga quebrar seus sigilos bancários e telefônico.
Mais um foragido
Outro golpista próximo de Damares Alves é o blogueiro bolsonarista Oswaldo Esutáquio, apontado como um dos principais articuladores do ataque às sedes dos Três Poderes. Ele não foi lotado no Ministério da Mulher de Damares, mas a assessorou durante a transição de governo e, depois, emplacou a esposa, Sandra Terena Eustáquio, como secretária de Igualdade Racial na pasta.
Eustáquio é um importante nome na disseminação de mentiras ao longo de todo o governo de Jair Bolsonaro, sendo mais um dos investigados em inquéritos do STF por financiamento e articulação de atos antidemocráticos, fakenews e milícias digitais.
Em junho de 2020, Eustáquio teve a prisão preventiva decretada, recebendo o direito de prisão domiciliar. Naquele mesmo ano, acabou detido mais duas vezes por descumprir as medidas restritivas impostas a ele.
Em 2021, foi citado no relatório final da CPI da Covid. E, em 2022, espalhou mentiras sobre o processo eleitoral, participou do acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília e discursou na audiência pública que reuniu golpistas no Senado em 30 de novembro.
Durante os ataques terroristas realizados em Brasília em 12 de dezembro, temendo ser preso novamente, ele se refugiou no Palácio da Alvorada, ainda ocupado por Jair Bolsonaro. Semanas depois, teve realmente a prisão pedida pela Polícia Federal por fazer defesa de um golpe militar, mas já tinha fugido para o Paraguai.
Ataque a ministros e participação direta
Completando o time de golpistas que gravitaram em trono de Damares, estão Renan Sena, preso por participar diretamente do atentado de 8 de janeiro, e Sara Giromini, conhecida também como Sara Winter, uma das líderes dos primeiros ataques ao Judiciário, presa em 2020 após ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal.
Enquanto Renan foi funcionário terceirizado do Ministério da Mulher durante a gestão de Damares Alvez, Sara Winter atuou como chefe da Coordenação Geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade de abril a dezembro de 2019. A extremista ocupava um cargo de confiança vinculado à Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres da pasta.
Da Redação do PT