Encerrando o mês de março, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT realizou nesta terça-feira (28), na sede do partido, em Brasília, o “Encontro das Parlamentares Petistas”. O evento, que reuniu dezenas de companheiras vindas das cinco regiões e que ocupam cargos eletivos em todas as esferas, teve como destaque os temas “Violência Política de Gênero” e preparação para as eleições de 2024.
A abertura da atividade teve a participação da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann; da secretária Nacional de mulheres, Anne Moura; da senadora Teresa Leitão (PE); das deputadas federais Maria do Rosário (RS) e Erika Kokay (DF), da deputada estadual Leninha (MG); da vereadora Bia Caminha (Belém/PA), e do Secretário Nacional de Assuntos Institucionais, Joaquim Soriano.
Para a secretaria Nacional de Mulheres, Anne Moura, o encontro é realizado em um momento muito importante do nosso país.
“Para nós, as mulheres do PT, que temos construído o projeto Elas por Elas, que tem ampliado a presença das mulheres na política, é fundamental que a gente se reúna agora para conectar nossas ideias e também para fortalecer nossas ações. Isso também significa que a gente precisa pensar formas de nos defender por conta da violência política de gênero. Esse encontro é um passo para nosso processo de organização, olhando também para 2024, para que a gente amplie a presença das mulheres na política.”
Para a secretária, é preciso criar formas de combater a prática: “não podemos perder mandatos. Devemos criar uma rede de contatos, fortalecer o mandato de cada uma, seja qual esfera for.”
“Precisamos nos ajudar, não tem como combater a violência política de gênero se não for de forma coletiva, uma ajudando a outra, esse encontro abre essa série de atividades, também quero ouvir vcs, estamos à disposição para construir sem violência, com muito respeito, mas acima de tudo para ocupar os espaços de poder, somos a maioria e precisamos ocupar os espaços de poder”, afirmou.
Na sequência, a presidenta propôs uma reflexão política do momento político vivido no Brasil, e destacou o papel das mulheres na vitória do presidente Lula. “Quero parabenizar as mulheres pela resistência que tivemos em todo esse tempo. Agradecer a resistência e a militância, se Lula chegou a rampa foi porque esse partido resistiu com garra, com forma, e não nos curvamos”.
A senadora Teresa Leitão parabenizou a importância do encontro, promovido pela Secretaria de Mulheres do PT. “Não é fácil ser uma parlamentar do PT. Não é fácil em um conjunto de casas legislativas tão conservadoras nós fazermos valer as nossas pautas. Por isso que é importante essa retaguarda do partido. É importante essa articulação entre todas as parlamentares para que o que o nosso programa Elas por Elas divulga possa chegar também às Casas Legislativas em formato de lei, em formato de iniciativa”.
A deputada Maria do Rosário defende que as companheiras que estão nos cargos eletivos são as que vão abrir a porta para as mulheres brasileiras de esquerda. “A formação política deste ano do Elas por Elas vai começar agora para preparar as eleições municipais para 2024 porque queremos todos os mandatos de mulheres reeleitos e muito mais mulheres eleitas para comporem bancadas feministas, femininas e petistas. O modo petista de governar se inova, não se acovarda, tem proposta. Nosso governo será mais forte quanto mais ele estiver conectado com as mulheres”, defende.
Importância do projeto Elas por Elas
Criado em 2018, o projeto Elas por Elas potencializou a ampliação de mulheres petistas nos espaços de poder. “Aumentamos as deputadas estaduais e praticamente dobramos nossa bancada feminina. Atingimos nossa meta: nos tornamos a maior bancada feminina proporcional na Câmara e isso é sinônimo, que estamos mostrando como fazer”, disse a presidenta do PT.
Estratégia de furar bolhas
Para Gleisi, é urgente a necessidade fortalecer a presença do partido nos diversos espaços de participação social como estratégia de divulgar as melhorias propostas pelo governo Lula, além de estruturar, também, a questão da formação política.
Para o pleito municipal de 2024 é fundamental ter uma radiografia dos municípios onde existe maior possibilidade de eleger os nomes das companheiras e desenvolver políticas de alianças.
“Temos que nos preparar para o lançamento do Elas por Elas para a gente começar a organizar, temos que avaliar locais que temos possibilidade, fortalecer nossos nomes e políticas de aliança para formar chapas de vereadoras e vereadores. Tivemos um bom desempenho, temos que fazer isso em 2024 para fortalecer 2026. O partido está preparando uma série de ações, para além da questão da formação, também ação de comunicação para que deixemos o partido firme e forte”, informou.
Retrato das eleitas
A representante do Instituto Alziras, Michele Ferreti, afirmou que as parlamentares do PT representam 25% das mulheres eleitas progressistas. Em contrapartida, também houve aumento da ala conservadora. “Nos estados que as mulheres foram mais votadas, foram por mulheres ligadas ao PL MDB, Republicanos. A única exceção é o estado do Rio Grande do Norte, com a deputada federal Natália Benevides”.
Ainda de acordo com Michele, há no Brasil 570 vereadoras e apenas 3% da população brasileira tem como liderança à frente de uma prefeitura mulheres negras. “A região que mais tem mulheres nos espaços de poder, sendo nas prefeituras, é o Nordeste, e as menores são o Sul e o Sudeste, locais onde o Bolsonaro teve melhor desempenho. As mulheres conseguem vencer as eleições nas regiões menores e nas com menor renda”, informou.
Para encerrar a Campanha “Março Mulher”, em alusão ao Mês Internacional da Mulher, houve no Salão Nobre, o lançamento da 4ª edição da Campanha de Combate à Violência Política Contra a Mulher e do Livreto “O que é Violência Política Contra a Mulher”. A publicação é uma iniciativa da Secretaria da Mulher da Câmara, em parceria com a Segunda Secretaria da Mesa Diretora daquela Casa.
Fórum de mulheres nos partidos
Enquanto representante do Fórum Nacional de Instância de Mulheres de Partidos Político, Anne destacou que o Fórum reúne mulheres que trabalham na sua representação dentro dos seus partidos políticos e que são partidos de direita e esquerda.
“Por muito tempo ninguém falava sobre a violência política de gênero. Agora está muito bem colocado e esse livro vem em muito boa hora. E somente agora se coloca essa nomenclatura. A violência política de gênero acontece quando a mulher decide se candidatar a alguma coisa. A violência política de gênero acontece quando uma mulher ousa ocupar um lugar de destaque dentro do seu partido político. Nós temos 5% do fundo obrigatório dos partidos e muitas companheiras não acessam esse recurso que dirá entender que está sofrendo uma violência política de gênero, e isso vem de um lugar meio subjetivo com muitas outras violências que as mulheres acabam não percebendo”, disse Anne.
O Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, criado em 2006, reúne dirigentes nacionais das instâncias de mulheres dos partidos políticos brasileiros. São mais de 15 anos de atuação conjunta, pluripartidária e suprapartidária para articular, debater e garantir a maior participação das mulheres nos espaços de poder e decisão; consolidar os avanços em relação à presença das mulheres na política e combater a violência política de gênero.
Parte das conquistas que contaram com a participação do Fórum está os 30% de presença nas nominatas de candidaturas políticas e os 5% do Fundo Partidário. Em 2018, após uma ação contundente da Bancada Feminina do Congresso Nacional, foi possível garantir o acesso aos 30% de recursos e de tempo de rádio e TV.
Redação do Elas por Elas