Reflexões sobre desafios e enfrentamento às desigualdades raciais é a chave para uma sociedade mais justa e igualitária

O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta segunda-feira, 20 de novembro, representa um marco crucial na busca por reconhecimento, igualdade e valorização da cultura afro-brasileira. Nesta data, a Contracs-CUT destaca a importância de refletir sobre a história, contribuições e desafios enfrentados pela população negra, sendo mais do que uma celebração cultural; é um chamado à transformação social e ao enfrentamento do persistente racismo estrutural que permeia nossa sociedade.

Apesar da riqueza cultural e da diversidade do Brasil, o país é também palco de profundas disparidades sociais, principalmente para a população negra, que representa 56,1% do povo brasileiro. Mesmo sendo maioria, o povo preto sente na pele e na alma, a dor do preconceito, do racismo e da herança da cultura escravocrata impregnada.

O Brasil foi um dos últimos países no mundo a abolir a escravidão. Em 1888, a Leia Áurea foi assinada com décadas de atraso em relação a outros países das Américas. Todavia, o fim da escravidão não garantiu dignidade ao povo preto, muito menos eliminou as desigualdades estruturais, pois a população negra continua a enfrentar barreiras significativas no acesso a oportunidades educacionais, profissionais e em diversos outros aspectos. As sequelas da escravidão projetam uma sombra longa sobre a sociedade brasileira, resultando em consequências socioeconômicas persistentes.

De acordo com pesquisa recente do Instituto de Pesquisa e Consultoria (Ipec), mais da metade dos brasileiros disseram ter presenciado alguma situação de racismo, sendo que outros 81% dos entrevistados afirmaram enxergar o Brasil como um país racista.

A desigualdade salarial é também um dos grandes obstáculos enfrentados pela população negra. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE, pessoas pretas, mesmo com as mesmas competências, recebem até 31% menos do que as brancas ocupando o mesmo cargo. Outro ponto alarmante é que 46% dos negros estão em trabalhos desprotegidos, e essa falta de oportunidades formais contribui para a perpetuação do ciclo de desvantagens socioeconômicas. Sem contar as desigualdades educacionais, que também impactam e contribuem ainda mais para as disparidades.

“Sem dúvidas, superar os desafios enfrentados pela população negra exige um compromisso coletivo e a implementação de políticas públicas eficazes. A conscientização sobre a importância da igualdade racial, juntamente com a promoção de uma cultura que valorize a diversidade, são passos cruciais para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. O Dia da Consciência Negra não é apenas uma celebração, mas um chamado à ação, incentivando-nos a reconhecer, confrontar e superar os desafios, trabalhando em direção a um futuro verdadeiramente equitativo para todos”, pontuou Julimar Roberto, presidente da Contracs-CUT.

Para a Secretária de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial da entidade, Evani dos Santos Reis, no Dia da Consciência Negra, é fundamental refletirmos sobre a importância contínua do combate ao racismo.

“Este é um momento não apenas para celebrar a rica herança afro-brasileira, mas também para reconhecer os desafios persistentes enfrentados por essa população. O combate ao racismo não é somente uma responsabilidade individual, mas uma obrigação coletiva para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária. Ao questionarmos preconceitos, promovermos a diversidade, e ao nos educarmos sobre as nuances do racismo estrutural, estamos contribuindo para um futuro onde a igualdade de direitos prevalece sobre a discriminação. O Dia da Consciência Negra é, portanto, uma oportunidade para renovarmos nosso compromisso com o respeito, a compreensão e a erradicação de quaisquer formas de discriminação racial”, ressaltou.

 

 

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