Paulão: “Essa CPI é um factoide para desviar problemas que temos no país”

Ao Jornal PT Brasil, o deputado federal Paulão (PT/AL), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), falou nesta terça-feira (23) sobre a tentativa da extrema direita e da bancada ruralista de criminalizar a luta de movimentos sociais e agrários do país.

Paulão comentou sobre a composição da CPI, que possui oito integrantes bolsonaristas suspeitos de financiar a tentativa de golpe em 8 de janeiro, e relembrou os inúmeros retrocessos ambientais que o Brasil sofreu nas mãos de Ricardo Salles, deputado federal (PL/SP), relator da CPI e ex-ministro do Meio Ambiente no governo Bolsonaro.

Salles foi responsável por uma política devastadora que conseguiu desmatar a Amazônia acima de 10 mil quilômetros quadrados somente entre os anos de 2020 e 2021, algo que não ocorria no Brasil desde 2008.

“Na hora que você faz uma composição é natural que a oposição tenha espaço e o governo também. O que ocorreu? A composição é um presidente que é coronel do exército, inclusive responde a processo no Supremo Tribunal Federal, notificado pelo ministro Alexandre de Moraes, devido ao processo do golpe do dia 8 de janeiro. Ele está sendo, inclusive, indiciado sobre a situação. E o relator é o ex-ministro do Meio Ambiente. Quando a sociedade viveu o auge da pandemia, naquela reunião fatídica palaciana ele [RICARDO SALLES] disse que tinha que passar a boiada e não teve sensibilidade. Então, está demonstrado que durante este período que ele foi ministro houve o maior índice de queimadas na Amazônia, o maior genocídio praticado contra os povos indígenas e os madeireiros tomaram conta do pedaço”.

O deputado também responsabilizou Salles  pela tragédia que se abateu sobre  os Yanomamis, nas palavras, dele, algo que chocou o mundo. O Paulo também apontou os escândalos da família de Bolsonaro e relembrou a omissão e o descaso do governo bolsonarista na pandemia da Covid-19, que resultou em luto e sofrimento das famílias brasileiras com mais de 700 mil mortes.

“A oposição perdeu o discurso, perdeu a narrativa. Você verifica vários escândalos, primeiro os escândalos das joias pela família Bolsonaro, agora a rachadinha da primeira dama, a falta de cartão de vacina do presidente, responsável, inclusive, por não ter sido o grande condutor de um processo educativo, milhares de pessoas faleceram. E eles abraçam essa CPI, primeiro que essa temática não é nova, essa tentativa ocorreu no passado, no sentido de construir um factoide (informação falsa), uma cortina de fumaça, no sentido de estabelecer e criminalizar os movimentos agrários como um todo, o mais famoso, logicamente é o MST. Mas, tem vários movimentos agrários no país”.

 

“Essa CPI nem deveria existir”

A presidenta do PT Nacional, Gleisi Hoffmann, defende que a CPI nem deveria existir e relembra que já houve uma CPI do MST, também promovida pela bancada do agronegócio, no primeiro governo do presidente Lula.

“Primeiro que a gente avalia que essa CPI nem deveria existir. Aliás, já tivemos uma CPI do MST, acho que no primeiro governo do presidente Lula, e tudo o que podia ser investigado e discutido, foi. Ela foi uma decisão política da Câmara. Na realidade, a bancada ruralista e a bancada do agronegócio quiseram fazer uma disputa política. Nós achamos que ela é errada, mas, enfim, ela está aí e nós vamos fazer a CPI”.

Gleisi também ressalta o papel do MST e da sua importância para o Brasil e para o povo.

“O MST é o maior movimento social organizado do país. É um movimento social importante para o Brasil. Não só na perspectiva da luta que eles têm pela reforma agrária, ou seja, de ter terras que não são produtivas, sendo produtivas, mas também, da produção. Hoje, o MST é responsável por uma quantidade enorme de cooperativas produtivas”.

Composição da CPI

A CPI do MST, instalada na última quarta-feira (17) na Câmara dos Deputados, é presidida pelo deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos/RS), com relatoria do deputado Ricardo Salles (PL/SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL).

Nesta terça-feira (23), às 14h, a comissão vai apresentar um plano de trabalho. O prazo previsto para os trabalhos da CPI é de 120 dias e pode ser estendido por mais 60 dias, caso haja necessidade. As reuniões devem acontecer duas vezes por semana, sempre às terças e quintas-feiras.

Gleisi e os parlamentares Padre João (PT/MG), Valmir Assunção (PT/BA), João Daniel (PT/SE), Marcon (PT/RS), Nilto Tatto (PT/SP), Paulão (PT/AL) e Camila Jara (PT/MS) também compõem a CPI do MST.

“A democracia é conviver com os iguais e respeitar [os que pensam] de forma diferente. É por isso que defendo a democracia. O presidente fujão queria implementar o fascismo. O fascismo não gosta de debate, do contraditório, não respeita as mulheres, a juventude. Não respeita quem precisa da terra, não respeita quem tem deficiência. É por isso, que precisamos fazer um bom combate, fizemos quando derrotamos o presidente fujão e faremos agora na CPI do MST”, encerra Paulão.

Assista a íntegra da entrevista do deputado Paulão sobre a CPI do MST:

 

Ouça o boletim da Rádio PT  sobre a CPI do MST:

Da Redação do PT

 

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