Odair Cunha acusa Banco Central de ‘sabotar os interesses nacionais’ ao manter taxa de juros em 13,75%

O líder em exercício da bancada do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), qualificou como “sabotagem aos interesses nacionais” a decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano. “Ao prosseguir com a escorchante taxa de juros — que leva à taxa real mais alta do mundo — deu sequência à atuação contrária aos interesses do povo brasileiro, inviabilizando o crescimento da economia e a geração de empregos; trata-se, claramente, de uma verdadeira sabotagem”, denunciou o parlamentar.

“A manutenção da taxa Selic configura recompensa aos rentistas e especuladores e extorsão e sabotagem aos setores produtivos e a todo o povo brasileiro”, afirmou Odair Cunha.

Em artigo na revista digital Focus, da Fundação Perseu Abramo, Odair observou que “a estratosférica Selic, injustificável sob qualquer parâmetro técnico, tem efeitos inócuos para frear a inflação de custos, é ineficaz para controlar a demanda e ainda eleva os custos financeiros das empresas. Juros altos, como hoje, comprometem a competitividade da indústria e suas perspectivas de crescimento.”

“Os gestores que ainda conduzem o Banco Central – herança maldita do governo anterior, depois de uma draconiana mudança da legislação que garantiu autonomia completa à entidade, como se fosse um outro país — não estão preocupados com o Brasil e os interesses coletivos”, escreveu. “Estão agindo de forma irresponsável para aumentar recessão, desemprego e sabotar o governo do presidente Lula.”

Para ele, o BC autônomo, como é hoje, significa que um dos sustentáculos da política econômica está apartado dos demais, com tecnocratas contrariando a vontade do povo nas eleições presidenciais de 2022.

Segundo o deputado, “já passou da hora de o soberbo presidente do BC, Roberto Campos Neto, comparecer ao Congresso Nacional para dar explicações sobre a política do banco que atende apenas aos interesses de especuladores e rentistas”.

Leia a íntegra do artigo:

Banco Central antinacional

É inaceitável a decisão do Copom de manter a taxa Selic em 13,75%. O Banco Central, ao prosseguir com a escorchante taxa de juros — que leva à taxa real mais alta do mundo — deu sequência à atuação contrária aos interesses do povo brasileiro, inviabilizando o crescimento da economia e a geração de empregos. Trata-se, claramente, de uma verdadeira sabotagem aos interesses nacionais.

A estratosférica Selic, injustificável sob qualquer parâmetro técnico, tem efeitos inócuos para frear a inflação de custos, é ineficaz para controlar a demanda e ainda eleva os custos financeiros das empresas. Juros altos, como hoje, comprometem a competitividade da indústria e suas perspectivas de crescimento.

Inviabilizam investimentos produtivos – a rentabilidade da maioria dos empreendimentos legais é menor que o custo dos empréstimos e ainda carrega risco. Com a indústria em dificuldades e a economia sem investimentos, o país não cresce, o desemprego permanece alto e os salários, baixos.

Os gestores que ainda conduzem o Banco Central – herança maldita do governo anterior, depois de uma draconiana mudança da legislação que garantiu autonomia completa à entidade, como se fosse um outro país — não estão preocupados com o Brasil e os interesses coletivos. Estão agindo de forma irresponsável para aumentar recessão, desemprego e sabotar o governo do presidente Lula.

A alta taxa de juros impacta decisivamente a qualidade de vida da população, pois ataca frontalmente a geração de empregos e renda, compromisso maior do governo Lula. Promove o desestímulo generalizado para investimentos de micro, pequenas, médias e grandes empresas. E a dívida pública cresce geometricamente, drenando recursos que podiam ser destinados à implementação de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população.

Já passou da hora de o soberbo presidente do BC, Roberto Campos Neto, comparecer ao Congresso Nacional para dar explicações sobre a política do banco que atende apenas aos interesses de especuladores e rentistas. Esse foi, na realidade, o objetivo do projeto, aprovado no governo passado, que concedeu autonomia formal ao Banco Central: um órgão estratégico ficou descolado das plataformas dos governos escolhidos pelo povo nas urnas. Um verdadeiro bunker burocrático à mercê da influência do já privilegiado sistema financeiro.

A verdade nua e crua é que a tecnocracia pode ser capturada e manipulada por interesses do chamado mercado, ignorando os interesses nacionais. Hoje, há o espectro da paralisação de atividades produtivas por conta da irresponsável política monetária do BC. Alega-se que o objetivo é controlar a inflação, mas a verdade é que essa terapia equivale à pratica de um médico de matar o doente para curar a doença.

Nós, da bancada do PT, entendemos que a volta do desenvolvimento econômico e social demanda a integração de todos os instrumentos de política econômica — fiscal, monetária, creditícia e cambial. O BC completamente autônomo, como é hoje, significa que um dos sustentáculos da política econômica está apartado dos demais, com um grupo de não eleitos contrariando a decisão do povo nas eleições presidenciais. A manutenção da taxa Selic configura recompensa aos rentistas e especuladores e extorsão e sabotagem aos setores produtivos e a todo o povo brasileiro.

(*) Deputado federal por Minas Gerais, é líder em exercício da bancada do PT na Câmara dos Deputados”

Redação PT na Câmara

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