O golpe continua sendo contra o povo

Por Julimar Roberto*

 

Não foi o governo quem perdeu — foi o povo brasileiro. A votação que derrubou a Medida Provisória 1.303/2025 não representa uma derrota de Lula ou da sua equipe econômica, mas sim um golpe contra o país que tenta se reconstruir. O Congresso escolheu fazer política com o Orçamento, apostando no caos fiscal como instrumento de chantagem.

A MP, rejeitada por 251 votos, buscava substituir a alta do IOF por uma reestruturação de alíquotas mais equilibrada. Era uma tentativa de evitar o impacto direto sobre o crédito e sobre o bolso de quem mais precisa. O que a Câmara fez, ao enterrar a medida, foi abrir um rombo de mais de R$ 42 bilhões nas contas públicas, dinheiro que poderia ser usado em políticas sociais, investimentos e serviços essenciais.

Não foi uma derrota do Executivo — foi a vitória da irresponsabilidade fiscal travestida de cálculo político. O Parlamento preferiu sabotar a arrecadação para marcar posição contra o governo, mesmo que isso signifique cortar recursos de programas que beneficiam milhões de brasileiros e brasileiras.

Há uma inversão perversa em curso, quando vemos o Congresso, que reclama da falta de verbas para saúde, educação e infraestrutura, sendo o mesmo que barra medidas de reequilíbrio orçamentário, apenas para medir forças com o Planalto. O Centrão e a bancada BBB venceram a batalha do dia — mas o país perde a guerra por estabilidade e justiça tributária.

Quando a política vira refém da chantagem e da disputa por poder, quem paga a conta é o povo. Por isso, é preciso deixar claro que o governo pode ter perdido a votação, mas a verdadeira derrota foi do Brasil que trabalha, produz e espera responsabilidade de quem o representa.

Em tempos assim, não há governo derrotado — há povo traído.

 

* Julimar é comerciário e presidente da Contracs-CUT

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