Há menos de uma semana, a população foi surpreendida com mais um reajuste do preço dos combustíveis. Os aumentos têm sido tão recorrentes que nem dá para inovar nas manchetes. Dados do Observatório Social da Petrobras (OSP), órgão ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), mostram que, só de janeiro de 2021 até agora, a Petrobras já aumentou 13 vezes o preço da gasolina e 11 vezes o do diesel. Em alguns estados, o valor do litro de gasolina chega ao valor absurdo de R$ 10.
Quem não sente saudade do PT na Presidência da República, deveria sentir. Durante os governos Lula e Dilma, o preço dos combustíveis era controlado. Para se ter ideia, durante todo o governo Lula, o aumento da gasolina foi de apenas R$ 0,43. Além disso, o poder de compra do brasileiro estava muito além naquela época, graças à política de valorização do salário mínimo e de outras políticas econômicas que colocavam o pobre no centro do orçamento.
Para refrescar a memória, relembremos que em setembro de 2015, durante o governo Dilma, o salário mínimo de R$ 788 comprava 240 litros de gasolina, a R$ 3,27. Hoje, março de 2022, em pleno desgoverno Bolsonaro, o salário mínimo compra apenas 151 litros, se considerarmos o preço médio de R$ 8 por litro. São 89 litros a menos, o que daria mais de dois tanques de gasolina de um carro popular.
Enquanto o povo arca com os custos da falta de gestão, Bolsonaro segue mentindo e ignorando os reais problemas da população.
As falácias do capitão reformado sobre o tema já mudaram várias vezes. Já jogou a culpa nos Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), nos governadores, na mídia, e até na guerra da Rússia contra a Ucrânia. São sempre narrativas sem fundamento para se livrar da culpa. Mas ele só engana ao seu eleitorado. Fora do cercadinho, derrete.
Esses reajustes exorbitantes são consequência de uma política neoliberal que teve início na gestão golpista de Michel Temer (MDB-SP) e que segue sendo aplicada no governo Bolsonaro (PL). Após o golpe de 2016, o ilegítimo Temer mudou a política de preços da Petrobras e adotou a Política de Preços Internacionais (PPI), modelo que usa como critério o valor internacional dos barris de petróleo, que é cotado em dólar.
Ao assumir a presidência em 2019, Bolsonaro manteve o PPI ─ que privilegia apenas os acionistas ─ e, com sua desastrosa gestão, piorou ainda mais o cenário ao apoiar a diminuição da capacidade das refinarias de petróleo de 25% a 30%, o que abriu espaço para a chegada de empresas importadoras. Além disso, as instabilidades política e econômica geradas pelas atitudes de Bolsonaro resultaram na desvalorização do real e na consequente alta do dólar, influenciando diretamente nos valores dos combustíveis.
É importante destacar que, para além da dificuldade de abastecer automóveis, o aumento do preço dos combustíveis afeta serviços essenciais para a população. Alimentação, gás de cozinha, vestimenta, deslocamento, fretes, tudo fica mais caro. É doloroso! Enquanto nos governos Lula e Dilma, o povo tinha acesso a itens antes inimagináveis, hoje, sequer consegue comprar o básico.
Falta a Bolsonaro a sensibilidade para conhecer o Brasil e as suas várias faces, e compreender que não se trata apenas do preço da gasolina. A questão é muito mais abrangente e complexa. É sobre a população ter dignidade e não precisar escolher entre o almoço ou a janta. É sobre a mãe de família não ver seus filhos chorando de fome. É sobre a geração de emprego, justiça social e respeito aos direitos humanos. É sobre um novo amanhã com esperança. É sobre um 2023 sem Bolsonaro!
Julimar Roberto é comerciário e presidente da Contracs-CUT
Texto publicado originalmente no site Brasil 247