Desgoverno destruiu política de valorização do piso e proposta de Orçamento prevê reposição apenas da inflação pelo quarto ano seguido. “Esse país vai gerar emprego e vai poder melhorar”, garante Lula
Primeiro presidente da República a encerrar o mandato com um salário mínimo com poder de compra menor do que quando assumiu o cargo, Jair Bolsonaro mantém para 2023 a previsão do piso nacional sem qualquer reajuste acima da inflação. No projeto de Orçamento enviado ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (31), a proposta é de salário mínimo de R$ 1.302 no próximo ano.
Mais uma vez, Bolsonaro dá as costas para a brutal queda do poder de compra dos trabalhadores mais pobres, que representam um percentual cada vez maior da massa de mão de obra do país. No primeiro trimestre de 2022, o índice de trabalhadores que ganham apenas um salário mínimo no país, formais ou informais, chegou a 38%.
No último trimestre de 2015, quando Dilma Rousseff ainda era presidente, o percentual era de 27,6%. Consumado o golpe contra Dilma, três anos depois, o índice já havia chegado a 30,09% com o usurpador Michel Temer. Após Bolsonaro, o índice cresceu 8,2 pontos percentuais. No início deste ano, já eram 36,4 milhões de trabalhadores nessas condições, 8,3 milhões a mais que Temer. “E daí?”, diria o puxador de motociatas.
O valor efetivo do salário mínimo em 2023 será conhecido no fim do ano, quando o desgoverno Bolsonaro editar a medida provisória (MP) com o novo piso. Como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o INPC no início de janeiro, algum valor pode ficar para trás – como em 2022.
Neste ano, o salário mínimo deveria ser de R$ 1.212,70, ou R$ 1.213 arredondado. Mas o Executivo fixou o piso em R$ 1.212, “tungando” R$ 1 do salário mínimo. Com a inflação de dois dígitos corroendo o poder de compra, em maio já não era possível comprar sequer uma cesta básica na cidade de São Paulo, estimou o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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A última vez que houve reajuste do salário mínimo acima da inflação foi em 2019, quando o piso passou de R$ 954 para R$ 998. Desde então, serão quatro anos — 2020, 2021, 2022 e 2023 — sem aumento real para o salário mínimo. O inquilino prestes a ser despejado do Palácio do Planalto aniquilou a política de valorização do salário mínimo praticada durante os governos do PT.
Nos bons tempos do PT, o salário mínimo batia a inflação de goleada
De 2004, quando o valor do salário mínimo era de R$ 260,00, a 2016, a política de valorização do salário mínimo adotada pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff promoveu aumento real de 74,33% nos rendimentos. Se nesse período tivesse sido aplicada a política de Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes, o piso nacional em janeiro de 2020 teria sido de R$ 599.
A política foi resultado de negociação entre as centrais sindicais e o Governo Lula a partir das Marchas a Brasília. As duas primeiras, em 2004 e 2005, conquistaram reajustes expressivos para o salário mínimo.
Já em 2004, o salário mínimo foi reajustado em 8,33%, enquanto o INPC atingiu 7,06%. Em 2005, a correção foi de 15,38%, contra inflação de 6,61%. Em 2006, a inflação correspondeu a 3,21% e o reajuste alcançou 16,67% – aumento real de 13,04%.
Estabeleceu-se um longo processo de valorização que de 2004 a 2019 representou reajuste acumulado de 283,85%, enquanto a inflação (INPC-IBGE) foi de 120,27%. Em 2019, começou o pesadelo dos trabalhadores e trabalhadoras. Mas ele pode estar prestes a acabar.
No mesmo dia em que Bolsonaro enviava seu Orçamento para o Congresso, Lula afirmou, em entrevista à Rádio Clube do Pará, que seu governo, caso seja eleito, retomará a tão bem-sucedida política que gerou empregos em efeito dominó e elevou o poder de compra de toda a massa trabalhadora.
“Esse país vai voltar a crescer. Esse país vai gerar emprego e esse país vai poder melhorar. No meu mandato, o salário mínimo aumentava todo ano, de acordo com o crescimento do PIB. A gente pagava a inflação e dava aumento de salário de acordo com o crescimento econômico, e é por isso que o salário mínimo aumentou 74% e vai voltar a aumentar outra vez”, garantiu o presidente mais popular da história.
Fonte: PT