O presidente Lula se reuniu, nesta segunda-feira (25), no Itamaraty, com o primeiro-ministro da República Socialista do Vietnã, Pham Minh Chính. Foram assinados acordos nas áreas de educação, defesa, agricultura, pecuária e abastecimento; e diplomacia. Além disso, Lula anunciou que levará aos demais integrantes do Mercosul, atualmente presidido pelo Brasil, o interesse do Vietnã em celebrar um acordo comercial com o bloco.
“Vou levar o tema a nossos parceiros do Mercosul, aproveitando a presidência brasileira. Tenho certeza de que avançaremos nessa discussão. É do nosso interesse aproximar o Mercosul da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático)”, disse o presidente brasileiro, durante declaração conjunta após a reunião.
Lula destacou que os países do Sudeste Asiático correspondem a quase 6,5% do PIB mundial em paridade de poder de compra. “As exportações brasileiras para o conjunto de países do Sudeste Asiático já somam metade do que exportamos para a União Europeia”, afirmou o chefe do governo. “Somos parceiros de diálogo da ASEAN, e o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) deve ir à Indonésia em breve para discutir um plano de ação para a cooperação entre o Brasil e esse bloco”.
Confira o pronunciamento de Lula após o encontro bilateral.
O presidente também ressaltou que, em 2024, serão comemorados os 35 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e o Vietnã. Ele disse que aceitou o convite do primeiro-ministro Pham Minh Chính para ir a Hanói celebrar a ocasião.
O Vietnã é o quinto maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, e o principal no Sudeste Asiático. O Brasil, por sua vez, é o maior parceiro do Vietnã na América Latina.
Em 2022, o comércio bilateral atingiu o recorde de US$ 6,4 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 3,4 bilhões, e as importações ultrapassaram US$ 2,9 bilhões. O Brasil é o principal fornecedor de soja e carne suína e o segundo maior de carne de frango e algodão para o Vietnã.
Durante o evento no Itamaraty, Lula esteve acompanhado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e dos ministros da Educação, Camilo Santana, da Defesa, José Múcio, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, e da ministra substituta das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha.
Acordos
O presidente destacou que o acordo na área de agricultura “vai nos permitir avançar na abertura do mercado vietnamita para novos produtos agropecuários brasileiros”.
“Nosso comércio tem aumentado de forma sustentada há mais de dez anos. Já atingiu 6,4 bilhões de dólares, e pode crescer mais. O Brasil exporta para o Vietnã praticamente o mesmo que para a França, com quem temos uma longa relação estratégica. Somos hoje um dos principais fornecedores de soja, carnes e algodão para o mercado vietnamita”, pontuou Lula.
O mandatário frisou que o Vietnã é o sexto maior mercado de produtos do agronegócio brasileiro. “Queremos expandir esse fluxo, e também diversificá-lo, com mais produtos de alto valor agregado”, disse.
Já na educação, foi firmado um acordo que vai possibilitar a mobilidade de estudantes entre os dois países. “Mais de 18 mil estudantes, de 71 países, já participaram dos programas de graduação e pós-graduação para estrangeiros do governo federal”, sublinhou Lula. “Na área de defesa, adotamos um memorando de entendimento que é um primeiro passo para um futuro acordo, que abrirá caminho para a exportação de produtos de defesa, como aeronaves”.
Outra parceria firmada foi o Plano de Trabalho para Cooperação entre Academias Diplomáticas.
O presidente brasileiro destacou ainda o interesse mútuo em estabelecer uma cooperação na área de ciência, tecnologia e inovação. Ele anunciou que a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, irá ao Vietnã, em novembro, para fazer a primeira reunião da Comissão Conjunta de Ciência e Tecnologia. Lula ressaltou também que há potencial para iniciativas conjuntas em inteligência artificial e startups.
O líder do Vietnã veio ao Brasil a convite de Lula. Eles estiveram juntos durante uma reunião bilateral à margem da Cúpula do G7, em Hiroshima, realizada em maio. É a primeira visita de uma alta autoridade vietnamita ao Brasil em 15 anos.
Combate à pobreza
Durante o evento no Itamaraty, o presidente brasileiro lembrou da visita que fez a Hanói em 2008, durante o seu segundo governo. Ele frisou que, desde então, os avanços econômicos e sociais do Vietnã são “impressionantes”.
“A economia vietnamita cresceu a uma média de quase 6% ao ano, e mais de dez milhões de pessoas (o equivalente a 10% da população) saíram da pobreza. Somos dois países do Sul Global comprometidos com a paz, o multilateralismo, o desenvolvimento sustentável e o combate à fome e à pobreza”, disse Lula.
O presidente também falou de pleitos comuns dos dois países, como uma maior representatividade na governança internacional. “Quero agradecer, de público, o reiterado apoio do Vietnã ao pleito do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU”, afirmou Lula.
O primeiro-ministro Pham Minh Chính, por sua vez, agradeceu a acolhida do governo brasileiro e falou do interesse de estreitar ainda mais as relações bilaterais.
“Queremos desenvolver uma relação resistente, firme, entre o Vietnã e o Brasil e já temos políticas de defesa, de aliança não militar. Não nos colocamos do lado de nenhum país e não permitimos que nenhum terceiro país entre na nossa terra para oferecer ameaça e violência nas relações internacionais”, afirmou.
Brasil em desenvolvimento
O visitante também destacou os bons resultados sociais e econômicos do Brasil verificados durante o governo Lula. “Mais uma vez eu gostaria de parabenizar o presidente Lula da Silva e o povo brasileiro pelas grandes realizações do desenvolvimento deste país, fazendo com que o Brasil seja uma potência regional e, principalmente, aumentando o seu papel, a sua posição, nas Nações Unidas, no G20 e no BRICS. A sua estrutura vem crescendo muito bem”, afirmou o primeiro-ministro.
Pham Minh Chính disse ainda que a reunião com Lula foi “muito produtiva e rendeu muitos frutos”. Segundo ressaltou, os acordos firmados terão reflexos positivos nas economias dos dois países, bem como na qualidade de vida das respectivas populações.
“Isso, com certeza, criará condições favoráveis para um desenvolvimento mais forte da cooperação entre os nossos dois países, gerando benefícios para as duas nações e para os nossos dois povos. Eu concordo que a parceria entre o Vietnã e o Brasil, desenvolvida por intercâmbios entre os dois lados, vai dar aos povos do Brasil e do Vietnã uma ligação e uma amizade entre um e outro”, disse.
Da Redação do PT, com site do Planalto