Lula: “A democracia vive hoje seu momento mais crítico desde a II Guerra Mundial”

Na terça-feira (24), líderes de várias nações se reuniram em Nova York, a convite do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, para tratar da defesa da democracia em um cenário de ascensão da extrema direita. O evento, realizado em paralelo à Assembleia geral da ONU, ressaltou os desafios que as democracias enfrentam em um mundo marcado por extremismo, desinformação e desigualdade.

Intitulado “Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo”, o encontro teve a participação de representantes de Barbados, Cabo Verde, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, México, Noruega, Quênia, Senegal e Timor-Leste, além do presidente do Conselho Europeu Charles Michel e do Secretário-geral adjunto das Nações Unidas.

Logo no início de seu discurso, Lula alertou que “a democracia vive hoje seu momento mais crítico desde a II Guerra Mundial”, lembrando que forças totalitárias, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, desafiaram violentamente os resultados das urnas. E ressaltou a corrosiva influência das notícias falsas, que fragilizam a confiança no processo democrático, especialmente na América Latina.

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“Extremismo é sintoma de crise profunda” 

Para o presidente, o enfrentamento à extrema direita deve estar atrelado à redução das desigualdades sociais. Segundo ele, o extremismo é um sintoma de uma crise mais profunda, alimentada por um modelo de democracia que “se demonstrou insuficiente e frustrou as expectativas de milhões”. Lula explicou que a democracia liberal “se tornou apenas um ritual que repetimos a cada 4 ou 5 anos. Um sistema que privilegia os homens brancos e falha com as mulheres negras é imoral”.

O combate à fome e à desigualdade também foi citado. Para Lula, a fartura concentrada nas mãos de poucos enquanto muitos passam fome “é a antessala para o totalitarismo”. Ele defendeu que o papel do Estado como planejador do desenvolvimento sustentável é crucial para garantir equidade e bem-estar social.

Outro ponto de destaque foi a defesa do pluralismo e da diversidade. O presidente alertou que a extrema direita se tornou viável eleitoralmente ao construir um discurso identitário às avessas, culpando migrantes, mulheres e minorias pelos problemas da atualidade. “Ceder diante dessas narrativas é cair em uma armadilha”, enfatizou.

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Nesse aspecto, Lula lembrou que “as redes digitais se tornaram um terreno fértil para os discursos de ódio misóginos, racistas e xenofóbicos que fazem vítimas todos os dias”. E sublinhou que as big techs devem ser responsabilizadas pelo conteúdo que circula em suas plataformas, pois “nenhuma empresa de tecnologia ou indivíduo, por mais ricos que sejam, podem se considerar acima da lei”.

Poderosas fontes de financiamento

O primeiro-ministro Pedro Sánchez reforçou a fala de Lula, alertando que a democracia está sob ataque por movimentos extremistas que possuem poderosas fontes de financiamento. E destacou que a resposta deve ser firme: “aos inimigos da democracia, temos que responder com a mesma determinação que eles empregam”.

Para Lula, a solução passa pelo fortalecimento das instituições e pela participação de movimentos sociais, estudantes, trabalhadores e minorias. “A democracia não é um pacto de silêncio”, lembrou, ressaltando a importância de dar voz a todos os setores da sociedade.

Os líderes presentes no encontro concordaram que a luta contra a desigualdade é fundamental nesse processo. E que as políticas de bem-estar social e a promoção do trabalho decente são indispensáveis para reduzir o descontentamento que fertiliza o terreno para a radicalização.

No encerramento de seu discurso, Lula reiterou que um pacto global contra o extremismo, realmente combativo contra o desequilíbrio social, permitirá a construção de um caminho para a justiça social e a paz, enfrentando efetivamente as ameaças trazidas pelo fortalecimento da extrema direita em todo o mundo.

Por: Partido dos Trabalhadores

Foto: Ricardo Stuckert

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