Por Julimar Roberto:
O governo Bolsonaro deixou uma herança nefasta de prejuízos imensuráveis ao Brasil e ao povo brasileiro. Durante os quatro anos da sua gestão, políticas públicas foram destruídas, e o combate a temas sensíveis e humanitários, como o trabalho escravo, foi negligenciado. Como consequência dessa omissão, o Brasil tem hoje 1 milhão de trabalhadores em condições análogas à escravidão.
É o que mostra um levantamento publicado pela ONG Walk Free, que aponta ainda que o número é quase três vezes maior que em 2018, quando a estimativa era de 369 mil. Nesse cenário desumano, o Brasil ocupa o 11° lugar no ranking entre 160 países ─ isso, mesmo com a retomada das ações no governo Lula para pôr fim a essa terrível prática.
E Lula tem trabalho incansavelmente. Apenas neste ano, mais de 1,2 mil trabalhadores nessas condições foram resgatados, número maior que os dados de todo o mandato de Bolsonaro.
E esses números têm um porquê. Enquanto Lula não tem medido esforços para identificar, resgatar as vítimas e punir os envolvidos, Bolsonaro foi negligente e permitiu que esse tipo de crime corresse solto Brasil afora. Em muitos momentos, em suas infelizes falas, o ex-presidente defendeu empresas flagradas praticando o trabalho escravo e criticou o combate ao crime, que é considerado uma grave violação dos direitos humanos.
Para piorar, sua negligência foi além de palavras. Eram evidenciadas também em ações e no desmonte da máquina pública. Em 2021, o governo desviou os recursos arrecadados das infrações trabalhistas, que eram usados para equipar grupos de monitoramento, para outras áreas. A ação prejudicou imensamente a fiscalização de trabalho escravo.
Chama a atenção o fato de que 76% dos resgatados do trabalho escravo são vítimas o agronegócio, setor bastante reverenciado por Bolsonaro e que, apesar de sua importância econômica, tem se mostrado bastante prejudicial a uma grande parcela da sociedade. Os números são da Plataforma SmartLab – Promoção do Trabalho Decente Guiada por Dados, iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no país.
Mas agora, o país, sob o governo Lula, está empenhado em acabar de vez com esse crime. Além de ações coordenadas em cada estado e com os setores em que essa prática é mais flagrante, a máquina pública e seus agentes estão à disposição para encerrar esse capítulo desumano. E, mais que identificar, resgatar e punir, a ideia é provocar um debate social sobre o tema, já que a conscientização é um importante aliado na luta.
Não há mais espaço para a desumanidade. Não há mais espaço para escravidão. Não há mais espaço para a exploração do trabalhador. Juntos, sociedade, governo e empresas, podemos mudar essa realidade. Com muito diálogo, consciência e, se necessário, punição, é possível criar um ambiente de trabalho com direitos, dignidade, sem violação dos direitos humanos e respeitando a condição humana de cada uma e cada.