Taxa de mercado que leva em conta recursos negociados livremente chegou a 3,53% em abril, maior nível desde julho de 2020, quando atingiu 3,57%. Juros do rotativo do cartão disparam entre março e abril
O ataque sistemático promovido pelo ministro da Economia e apreciador de paraísos fiscais, Paulo Guedes, segue sem dar trégua às famílias brasileiras, que sofrem com taxas de juros extorsivas enquanto têm o salário achatado pela inflação. Dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (27) apontam que a taxa de inadimplência não para de subir, batendo mais um recorde. A taxa do mercado, que leva em conta os recursos livres, bateu o nível mais alto desde julho de 2020. O índice foi marcado em 3,53% em abril, encostando no índice de 2020, que registrou 3,57% naquele ano.
As informações estão desatualizadas em função da greve dos servidores do BC, que atingiu a produção do relatório Focus. Mas pelos dados divulgados, é possível aferir que os índices de dívidas não pagas vêm subindo desde meados de 2021. Atualmente, mais de 66,6 milhões de pessoas estão em situação de inadimplência. O número estratosférico corresponde a 31% da população.
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Segundo os dados divulgados, as altas foram detectadas com mais força entre pessoas físicas. Nesse segmento, o endividamento subiu de 4,4% para 5% entre dezembro e abril. Já no segmento empresas, o aumento foi de 1,,5% para 1,7% nesse período.
Aos bancos, lucros. Às famílias, miséria
Os juros do rotativo do cartão, que é para onde as famílias correm para poder pagar contas e garantir até mesmo itens básicos, como gás de cozinha e feijão, aceleraram em abril. Os juros do rotativo anual subiram de 359,1% em março, para 364% em abril acumulando cinco pontos em apenas 30 dias.
Já as taxas de juros para compras parceladas no cartão também dispararam, subindo de 171,7% para 175,1%, em um mês. O cheque especial seguiu a tendência, variando de 127,8% para 132,7% ao ano. Mais uma prova incontestável de que o ministro banqueiro Guedes segue comprometido com o lucro dos bancos, às custas da miséria das famílias.
FED eleva juros e preocupa analistas
Para piorar o cenário, a taxa de juros no Brasil, atualmente em 13,25% desde o último reajuste autorizado em junho pelo Banco Central, deve continuar com uma trajetória de alta em 2022. O quadro preocupa analistas, especialmente após o Federal Reserve (FED), o banco central americano, anunciar uma inesperada alta na taxa de juros dos EUA em 0,75%, a quarta elevação seguida.
Os juros altos devem manter a pressão sobre as famílias e as empresas, o que irá contribuir para um aumento da inadimplência. De acordo com dados da consultoria Boa Vista, a parcela de empresários que enxergam com otimismo a possibilidade de a inadimplência cair em 2022 caiu de 40% para 35% entre o primeiro e o segundo trimestres.
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Enquanto isso, mais empresas pedem dinheiro emprestado para conseguirem pagar as dívidas. Hoje no país cerca de 6 milhões de empresas estão inadimplentes, segundo dados do Serasa. É uma bola de neve que poderá provocar falências e fechamento de negócios no futuro próximo.
Fonte: Site PT, com informações de Globo, Folha e CUT