Fascista, selvagem e intelectualmente deficiente, Bolsonaro sempre detestou a cultura, por isso seu veto à Lei Paulo Gustavo não nos surpreendeu. Assim que assumiu o poder, tratou logo de extinguir o Ministério, nomeou pessoas desqualificadas, promoveu o desmonte da Agência Nacional do Cinema (Ancine), impôs censura moral e religiosa para financiamentos de projetos e, por fim, sucateou completamente a pasta. Tanto que sua gestão da cultura foi considerada como a pior das últimas décadas.
Infelizmente, na história mundial, fatos assim são figurinhas bem repetidas. Governos autoritários tentam controlar, proibir, censurar e criar modelos do que, para eles, seriam as culturas aceitáveis. Assim como fez Hitler quando, em 1933, promoveu a grande queima de livros naquilo que o nazismo intitulou de uma “limpeza” da literatura. Os nazistas pretendiam relegar ao esquecimento, autores que o regime considerava inconvenientes.
Mesmo sem acender fogueiras, Bolsonaro tem atitudes semelhantes. Em seus três anos de governo, ocorreram ao menos 211 casos de censura. Censura essa que achávamos estar extinta graças à Constituição de 1988 ao determinar ser “vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Segundo o levantamento realizado pelo Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artística (Mobile), o Executivo Federal é responsável direto por 72% dessas sanções. Para mostrar imparcialidade, o Mobile pesquisou casos anteriores à ascensão de Bolsonaro à presidência e localizou apenas 16 registros de 2016 a 2018, já no pós-golpe.
Lamentavelmente, a cultura tem esse poder, de atrair o ódio dos tiranos, por ser ela incompatível com o autoritarismo e, ainda por cima, estimular a livre formulação de ideias.
Descontrolados, e sob o pretexto de combate ao “marxismo cultural”, a “ideologia de gênero” ou, até mesmo, a “doutrinação nas escolas”, o capitão reformado e seus asseclas engendram uma destruição sistêmica dos espaços de produção artística, de estética, de opinião, de manifestações populares e de livre expressão. Assim, ele espera eliminar opiniões diferentes da sua, ou interpretações que ele reprove do alto de seu governo autocrático, assentado em dogmas, armas e numa visão fechada e autoritária do mundo.
Portanto, não somente áreas como a da saúde, economia e educação clamam por Fora Bolsonaro. A cultura também levanta seu estandarte contra esse governo excludente.
Quanto ao veto que deu margem a essa nossa discussão, é necessária mobilização geral para que o Congresso o derrube. Pois, ao vetar a lei integralmente, Messias reafirmou o desprezo de seu governo pelos artistas, produtores, fazedores de cultura e técnicos, integrantes desse segmento que foi um dos que mais sofreu com a pandemia e que ainda passa por grandes dificuldades.
Portanto, intercedamos junto aos deputados e senadores, pois defender a cultura é proteger o futuro do Brasil.