Endividamento e inadimplência das famílias batem recorde

Reflexo da paralisia da atividade econômica causada por um governo que não investe na geração de emprego e renda – e cujo ministro da economia está mais interessado em vender os ativos do patrimônio do povo brasileiro do que promover desenvolvimento – o Brasil assiste o endividamento das famílias bater mais um recorde. Vítimas de uma inflação galopante e de um perverso arrocho salarial imposto por Paulo Guedes, as famílias brasileiras pagam o preço: o endividamento subiu de 77,5% em março para 77,7% no mês passado, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Há um ano, a parcela de endividados era de 67,5% do total. A maior parte das dívidas contraídas se dá pelo cartão de crédito, hoje utilizado para pagar itens essenciais, como gasolina e gás de cozinha.

A inadimplência também segue a tendência do endividamento, atingindo patamar inédito em abril, 28,6%, ante 27,8% em março. Na prática, significa dizer que quase 30% das famílias, perto de 12,6 milhões de lares, deixaram de pagar alguma conta, como água, luz, gás ou algum imposto. E quase 8 em cada 10 famílias agora têm alguma dívida. Só no primeiro semestre de 2021, as famílias pagaram R$ 233,5 bilhões em juros do cartão de crédito, de acordo com a Fecomércio-SP.

O quadro é dramático. Enquanto as famílias perdem renda progressivamente nos últimos anos, porque não têm reajuste de salário, ou quando têm, está abaixo da inflação, o desemprego se mantém na casa dos 12%. A renda média, por sua vez, caiu quase 9% em um ano, segundo o IBGE. Enquanto isso, Bolsonaro segue mentindo sobre uma suposta defesa das famílias em seu desgoverno.

Ao mesmo tempo, a parcela das famílias que confessou não ter como quitar as dívidas bateu 10,9%, o maior índice desde dezembro de 2020. A taxa era 10,8% em março, e 10,4% há um ano.

A CNC avalia que o cenário não deve mudar a curto prazo. “A inflação alta, persistente e disseminada mantém a necessidade de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para a manutenção do nível de consumo”, declarou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, à imprensa.

Além do cartão de crédito, que responde por 88,8% das famílias com dívidas, também aparecem carnês de lojas, com 18,2%, financiamento automotivo,11,2%, crédito pessoal, 9,4%, e financiamento de casa, no patamar de 8,3%. “Os orçamentos mais acirrados têm levado mais famílias a atrasarem o pagamento de contas e dívidas e usarem mais o cartão de crédito, que é a modalidade de dívida para o consumo de curto prazo”, justificou o economista Izis Ferreira, coordenador do levantamento da CNC.

Inflação gerada pelo governo causa ciclo de estagnação
No centro do endividamento das famílias, um ciclo vicioso, uma espécie de looping do atraso perpetuado por Guedes e Bolsonaro, que inclui inflação persistente, juros altos, queda na renda e desemprego.

A julgar pela inércia de Guedes, a pressão inflacionária não irá ceder. Ao contrário. Na semana passada, a Petrobras autorizou um novo aumento do gás de cozinha, que será de 19%. Além disso, há a escalada dos preços dos alimentos. A alta dos itens que integram a cesta básica passou de 20% no acumulado de 12 meses, entre abril de 2021 e março de 2022. O preço da cesta básica em 17 capitais registrado pelo Dieese abocanha perto de 60% do salário mínimo. Em São Paulo, passou de 65%. O mais surreal é que a inflação é gerada pelo próprio governo.

Tragédia econômica

“Não é o salário mínimo que causa inflação”, sentenciou o ex-presidente Lula, na manhã desta terça-feira (3), em evento com o Solidariedade. “O que causa 50% da inflação hoje no Brasil são preços administrados pelo governo. Óleo diesel, luz elétrica, gás de cozinha. E estão subindo de forma descontrolada por incompetência desse governo”, denunciou.

Enquanto isso, o bolsonarismo segue sua pregação de mentiras, tentando atribuir o desastre causado por Guedes e Bolsonaro ao conflito na Ucrânia, guerra colocada em prática há pouco mais de dois meses. “É essa a tragédia econômica e social que Bolsonaro não consegue explicar”, resume o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, em artigo na Focus Brasil.

Da Redação PT, com informações de G1

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