Coincidência ou não, o recado do presidente Lula às agências de risco parece ter surtido efeito, pois a mudança da nota de crédito ocorreu apenas alguns dias após a reunião dele com representantes dos analistas de classificação, em Nova York, na semana passada. Lula foi enfático ao aconselhar as agências a ouvirem os trabalhadores e o próprio presidente, e não apenas a Faria Lima.
Jornalistas e políticos se pronunciam
Em uma análise equilibrada, a jornalista Míriam Leitão, de O Globo, disse que a decisão “deixa muita gente do mercado financeiro falando sozinha”, e que é, sim, preciso pensar no equilíbrio das contas públicas, mas “este ano vai haver uma queda no déficit em relação ao ano passado”.
Já Reinaldo Azevedo, que durante muito tempo foi um crítico ferraz do PT, mas nos últimos anos rendeu-se às evidências de que o Brasil é melhor com Lula, foi irônico ao dizer que o anúncio da Moody’s traria uma “amostra de apocalipse” da parte do jornalismo econômico. “Lula tem, concluídos, um ano e nove meses de governo. As agências de classificação de risco já mexeram na nota de crédito do país quatro vezes, para melancolia dos anunciadores do caos. Querem apostar que haverá entrevistas nesta quarta de especialistas na própria opinião atacando a Moody’s?”, escreveu.
Em um post na rede social Threads, Randolfe Rodrigues, senador (PT-AP) e líder do governo no Congresso Nacional, lembrou que a classificação brasileira mudou “porque o governo do presidente Lula garantiu melhorias materiais no crédito e a agência espera que essas melhorias continuem.”. Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que “estamos a um passo do grau de investimento, um sinal claro de que o país está voltando a ser confiável para o mundo. Seguimos no caminho certo.”
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) comentou a mudança na nota de crédito com certo deboche, referindo-se ao chavão pobre e desgastado da extrema direita para atacar o PT, “vai pra Cuba, vai pra Venezuela”: “Essa Venezuela tá muito diferente! Faz o L”, brincou o deputado, pela rede BlueSky.
Crescimento reflete políticas de Lula
A Moody’s destaca que o crescimento do PIB brasileiro reflete a eficácia das políticas econômicas adotadas recentemente. O desempenho sólido e as reformas estruturais implementadas são vistas como pilares dessa recuperação. A agência afirma que “nos próximos anos, prevemos que o crescimento continuará a ser generalizado, com a demanda interna impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte – em comparação com o passado do Brasil – e por salários reais mais elevados”.
A mudança coloca o país a um passo do almejado grau de investimento, que abre as portas para capitais de fundos internacionais restritos a economias mais seguras. Esse status – que o Brasil possuiu entre 2008 a 2015, quando iniciou-se a movimentação golpista para tirar Dilma Rousseff do poder – traria uma redução no custo da dívida pública e privada, beneficiando diretamente o desenvolvimento econômico. Vale ainda ressaltar que a melhora na nota de risco favorece também as empresas brasileiras, que devem ver suas classificações melhoradas, atraindo mais recursos e obtendo crédito a juros menores.
Haddad fortalecido
O ministro da Fazenda Fernando Haddad foi elogiado pela Moody’s por seu compromisso com a responsabilidade fiscal e a estabilidade econômica. Segundo a agência, sua gestão avançou na transição energética, um ponto chave para trazer novos investimentos. Em sua coluna, Miriam Leitão ressaltou que “a avaliação da agência fortalece Haddad e confere maior credibilidade ao que o governo vem falando sobre compromisso com o arcabouço fiscal”.
Enquanto isso, o discurso catastrófico do mercado e da grande mídia está cada vez mais distante da realidade. O avanço nas reformas indicam que o país está no caminho certo. Se esse cenário se mantiver, o Brasil poderá alcançar o grau de investimento rapidamente. O maior risco, nesse caso, é alguém na Faria Lima se exaltar e sair gritando pelas ruas “Moody’s comunista! Moody’s comunista!”.
Por: Partido dos Trabalhadores
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