Número de novos devedores no país cresceu 16,5%, segundo levantamento da CDL e SPC. É o maior índice de inadimplência dos últimos oito anos. A maioria dos endividados negativados têm entre 30 e 39 anos
Enquanto Bolsonaro mente em rede nacional que os números da economia são fantásticos no país, 63 milhões de brasileiros e brasileiras não conseguem pagar as contas e entram para a lista de inadimplentes negativados.
Em um cenário com 33 milhões de pessoas passando fome e 14 milhões de desempregados, o hábito de não pagar todas as dívidas cresce e dura mais tempo do que o esperado. É o que o levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta.
De acordo com a pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (22), quatro em cada dez brasileiros adultos (39,17%) estão endividados e foram negativados somente agora no mês de julho.
Portanto, são 63,27 milhões de devedores no país, com crescimento de 16,50% em relação a julho de 2021. Realizado há oito anos, este é maior índice de inadimplência apontado pela série histórica do levantamento.
O perfil dos milhares de novos devedores é de adultos entre 30 e 39 anos (24,03%), sendo 50,84% de mulheres e 49,16%, de homens. Conforme o levantamento, nessa faixa etária, o Brasil tem 15,72 milhões de pessoas incluídas no cadastro de devedores por não conseguirem pagar as contas.
Há ainda 20,97% de brasileiros entre 40 e 49 anos que estão na lista de negativados e outros 19,77% com idade entre 50 e 59 anos.
Mais tempo devendo
Graças à má gestão econômica de Bolsonaro, que empurrou o Brasil para o Mapa da Fome, o tempo que o povo brasileiro permanece inadimplente aumentou de 91 dias para um ano, de acordo com a pesquisa CNDL/SPC Brasil.
“O tempo de atraso da dívida é um dos sinais da dificuldade do brasileiro em regularizar sua situação. O problema fica mais agudo entre os que possuem baixo nível de educação financeira. É fundamental que, mesmo com uma renda menor, as pessoas tenham controle de seus gastos e destinem uma parte de seus rendimentos para a construção de uma reserva de emergência. Assim, caso haja uma situação inesperada, o destino não seja a inadimplência”, destaca o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Cada negativado deve, em média, R$ 3.638,22
No mês de julho de 2022, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.638,22 na soma de todas as dívidas para diversas empresas. Quase quatro em cada dez consumidores (34,51%) tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 49,35% se somadas as dívidas de R$ 500 a R$ 1.000.
Houve um aumento nas dívidas com os bancos. Conforme o estudo, o crescimento foi de 30,19%, seguido das dívidas com contas de água e luz (7,20%).
Expectativa de mais devedores
O presidente da CNDL, José César da Costa, afirma que para o próximo mês a expectativa é de crescimento no número de inadimplentes.
“Apesar da retomada do mercado de trabalho ter sido maior que o esperado, não há previsão de diminuição da inflação ou melhoria nas previsões de crescimento da economia do país. O número de inadimplentes está alto e, infelizmente, a expectativa é que não paremos por aí”, avalia.