Ao não reconhecer derrota nas urnas, Bolsonaro estimula parte de seus apoiadores a bloquear estradas, mostrando mais uma vez que não se importa com a população, a economia e a estabilidade do Brasil
Após ser derrotado nas urnas pelo povo brasileiro, Jair Bolsonaro age, sem surpresa alguma, de forma antidemocrática e criminosa.
Ao não reconhecer publicamente o resultado das eleições, estimula que alguns de seus apoiadores façam bloqueios em estradas, colocando a vida de brasileiros e a economia do país em risco.
Trata-se, felizmente, de um dos últimos atos que o Brasil verá de um homem que nunca se comportou à altura do cargo de presidente da República.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já referendou a determinação do ministro Alexandre de Moraes para que as forças policiais liberem as rodovias.
Na decisão, Moraes também tomou providências contra sujeitos que se aproveitem do cargo que ocupam para utilizar instituições públicas para fazer politicagem.
Na decisão, o ministro deixou expresso que, se a PRF (Polícia Rodoviária Federal) não agir “imediatamente”, o diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, pode ser afastado do cargo e preso em flagrante por crime de desobediência.
Gleisi: Bolsonaro compromete a vida do povo
Segundo a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), Bolsonaro age de forma criminosa e continua atacando a imagem do Brasil e a vida do povo.
“STF manda desobstruir rodovias, multar arruaceiros de Bolsonaro e prender diretor-geral da PRF se não se comportar à altura do cargo. Esse delinquente está comprometendo a imagem da polícia, e Bolsonaro continua comprometendo a imagem do Brasil e a vida do povo. Criminoso!”, escreveu Gleisi no Twitter, na manhã desta terça-feira (1º).
Ainda segundo Gleisi, Bolsonaro decidiu promover o caos no país, contando com a ajuda de alguns empresários do transporte e uma parte do agronegócio que não agem com seriedade nem representam a maioria do empresariado e dos produtores brasileiros.
“A preocupação com o povo e a economia do país é zero. É tudo pelo poder. Vergonhoso”, explicou Gleisi, também pelo Twitter, na noite de segunda-feira (31).
Direito de ir e vir atacado
Os fatos mostram que Gleisi está coberta de razão. Os bloqueios estimulados por Bolsonaro levam transtorno à vida das pessoas, dificultam a chegada de pacientes a hospitais e prejudicam até mesmo a produção de vacinas, como denunciou o Instituto Butantan, em São Paulo.
O esperneio de Bolsonaro traz ainda prejuízos claros para a economia. Tanto que entidades como a CNT (Confederação Nacional dos Transportes), que representa empresas de transporte no Brasil, e integrantes sérios do agronegócio já se manifestaram contra o movimento, como mostrou o site Poder 360.
Em nota, a CNT, autora da ação que levou à decisão de Alexandre de Moraes, afirmou que “se posiciona contrariamente a esse tipo de intervenção” e que, apesar de respeitar o direito de manifestação de todo cidadão, “defende que ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas”.
“Além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis”, acrescentou a entidade.
Já a Frente Parlamentar da Agropecuária emitiu um comunicado no qual “ressalta que o caminho das paralisações de nossas rodovias impacta diretamente os consumidores brasileiros, no possível desabastecimento e em toda a cadeia produtiva rural do país”.
Caminhoneiros não apoiam
Representantes de caminhoneiros também já se manifestaram, denunciando que essas ações não representam a categoria, mostrou a Folha de S. Paulo.
O caminhoneiro Wallace Landim, conhecido como Chorão, divulgou na segunda-feira um vídeo questionando os bloqueios. “Nesse momento, parar o país vai prejudicar muito a democracia desse país. Precisamos ter reconhecimento da democracia.
Caminhoneiro autônomo e diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer também se manifestou. “A pauta que está sendo discutida agora não é uma pauta dos trabalhadores do transporte, não é uma pauta econômica”, avisou.
“Essas pessoas que hoje estão tentando paralisar as rodovias são criminosos ideológicos, que não souberam perder a eleição. Nós não estamos precisando desse tipo de atitude neste momento, de criar uma instabilidade”, denunciou o deputado Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, em entrevista ao site Metrópoles.
Da Redação