Foi empossada na noite desta terça-feira (23) a nova coordenação da Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados e da Bancada Feminina da Câmara para o biênio 2023-2025, com a coordenação-geral da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). A cerimônia foi realizada no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, e contou com a presença de mulheres de organismos nacionais e internacionais, além de representações da sociedade civil organizada.
A segunda secretária da Mesa Diretora da Câmara, a parlamentar Maria do Rosário (PT-RS), deu início às falas, empossando as deputadas que passaram a compor a nova Coordenação da Secretaria da Mulher.
“Uma democracia não existe pela metade, é algo inteiro. Para ser vivenciado como um espelho da sociedade é preciso ter a presença de mulheres. É preciso celebrar os mandatos das mulheres que ousaram enfrentar o universo tão masculino e árido na política para dizer que estamos aqui para garantir os espaços de participação com toda a nossa melhor disposição para que sejamos aquelas que abrimos caminhos para tantas outras. Em nome da Mesa Diretora gostaria de dizer que a Câmara se orgulha imensamente desse momento em que essas mulheres assumem a tarefa da Secretaria, da Procuradoria e do Observatório. Seguiremos altivas sob o comando de Benedita da Silva”, explanou Rosário.
Em seguida, a deputada Yandra Moura (União-SE), coordenadora-geral do Observatório Nacional da Mulher na Política celebrou a coordenação da petista: “Me enche de emoção estar ao lado da deputada Benedita porque a senhora representa tanta coisa, honro sua história, e tudo o que senhora construiu. Muito obrigada pelas lutas que a senhora travou desde a Constituinte. É um desafio aumentar a representação política feminina. É importante destacar a união saudável da Bancada Feminina que se estendeu para a Secretaria da Mulher, apesar das diversidades.”
Na sequência foi a vez da deputada Soraya Santos (PL-RJ), Procuradora da Mulher, destacar a trajetória política de Benedita.
“Ela foi uma parlamentar que rompeu com tantas amarras ao lutar pela presença da mulher na política”. Santos ainda afirmou que “Quando eu falo da necessidade de ter mulher na política é só olhar para os países mais desenvolvidos, onde tem mais mulher na política, não há tanta desigualdade. Vamos trabalhar unidas. Vamos juntar esforços. Quando pensamos no Parlamento temos que trabalhar em rede, linkar todas as procuradoras, nós da procuradoria temos que ir para a ponta, não podemos retroceder. Devemos levar o trabalho da Procuradoria para a ponta. Temos que fazer protocolos comuns. Temos o compromisso com a ancestralidade e com o futuro de nossas filhas e netas. Precisamos de mais mulheres na política. Afinal, política vem de polis e que modelo de cidade queremos deixar para os nossos filhos e netos? Uma mulher não se move pelo poder, se move por causas”, encerrou.
Em seu quinto mandato como deputada federal, Benedita da Silva foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de vereadora do Rio de Janeiro, deputada na Assembleia Constituinte de 1988, senadora e governadora do Estado do Rio de Janeiro. Foi também ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Lula. Em maio de 2023, foi eleita coordenadora da Bancada Feminina da Câmara para o biênio 2023-2025.
Durante o discurso de posse, a parlamentar petista destacou sua trajetória política e relembrou a sua chegada à Câmara, como única mulher negra a ocupar o cargo de deputada: Quando eu cheguei nesta Casa eu estava só, não via nenhuma pessoa parecida comigo e vim com uma responsabilidade muito grande de proteger as mulheres e meninas. Eu procurava um rosto igual ao meu e não encontrava e isso me deu muita garra. É com emoção que falo que eu jamais imaginei que eu ainda estaria nessa Casa.”
Durante o discurso, Bené agradeceu as parlamentares: “Quero agradecer muito a todas as deputadas que apoiaram para que eu pudesse estar aqui nesta noite. Também quero agradecer a Deus pela força que tenho até os 81 anos, a força para poder conviver com as diferentes e fazer de mim apenas simplesmente Benedita. Agradeço a indicação do meu nome. Quero primeiro falar como é bom nós trabalharmos essa possibilidade de estarmos juntas independente da nossa sigla partidária, mas quero agradecer às minhas companheiras de bancada que me escolheram”.
Por fim, ela destacou os principais pontos de atuação que pretende tocar durante sua gestão: “O que eu pretendo fazer é dar continuidade e fazer mais dentro do tempo desta legislatura. Devemos fazer o enfrentamento à violência contra as mulheres e as meninas, ampliar a rede nacional da procuradoria da mulher para fazer com que a Procuradoria chegue até os municípios. Quero também dar apoio ao observatório para fazer as pesquisas e o acompanhamento para fortalecer nossas instâncias legislativas e executivas. A cada mulher liberta, ela liberta outras mulheres. Combater a violência política de gênero é uma tarefa nossa. Quero agradecer também ao presidente desta Casa para que ele possa nos ajudar a ampliar nossos espaços e instrumentos”.
Nova Coordenação da Secretaria da Mulher
A Bancada Feminina é um agrupamento suprapartidário integrado por todas as deputadas. É composta por uma coordenadora e três coordenadoras-adjuntas (de partidos distintos), eleitas por todas as deputadas na primeira quinzena da primeira e terceira sessões legislativas.
Além da deputada carioca, integram a coordenação da Bancada Feminina a parlamentar Iza Arruda (MDB-PE), 1ª coordenadora-adjunta; Laura Carneiro (PSD-RJ), 2ª coordenadora-adjunta; e Sâmia Bomfim (Psol-SP), 3ª coordenadora-adjunta. Já a Procuradoria da Mulher é liderada pela deputada Soraya Santos (PL-RJ), procuradora da Mulher; Maria Rosas (Republicanos-SP), 1ª procuradora-adjunta; Any Ortiz (Cidadania-RS), 2ª procuradora-adjunta; e Delegada Ione (Avante-MG), 3ª procuradora-adjunta.
Integram o Observatório Nacional da Mulher na Política a deputada Yandra Moura (União-SE), como coordenadora-geral; Daiana Santos (PCdoB-RS), coordenadora do eixo I de pesquisa que trata do tema “Violência Política Contra a Mulher”; Amanda Gentil (PP-MA), coordenadora do eixo II de pesquisa sobre “Atuação Parlamentar e Representatividade”; e Tabata Amaral (PSB-SP), coordenadora do eixo III de pesquisa sobre “Atuação Partidária e Processos Eleitorais”.
Da Redação do Elas por Elas, com informações da Câmara dos Deputados