Além das fake news

Nestes tempos de pós-verdade onde opiniões públicas são manipuladas para a “disseminação de realidades” que confrontam os fatos, impressiona o que vem ocorrendo no Brasil. O que explica a queda importante na popularidade de um governo e um presidente de um país com indicadores socioeconômicos em notável expansão? Certamente, uma conjugação de fatores objetivos e subjetivos, incluindo eventuais falhas na comunicação do governo devem ser considerados nessa análise.

Contudo, os problemas menores observados em qualquer governo não seriam suficientes para contrastar o novo Brasil que emerge das cinzas do governo anterior. Só que, neste momento, servem de combustível para a indústria instalada de mistificação que eventualmente, de forma artificial, subverte, em parte, a percepção pública de um excelente governo.

Diversamente dos tempos dos “inofensivos” aparelhos clássicos de controle ideológico, está se consagrando, na atualidade, a capacidade de alguns setores, especialmente da extrema direita, de substituição de realidades para impô-las ao inconsciente coletivo. Por óbvio, o principal instrumento utilizado são as mídias sociais mediante a aplicação, em velocidade e volume de um tsunami, e sem qualquer pudor, de tecnologias sofisticadas num contexto de lacunas ou mesmo vazio regulatório. Não são apenas ações autônomas da extrema direita. Não raro, são articuladas, por exemplo, com segmentos econômicos rentistas do tal mercado quando estes se sentem ameaçados nos seus privilégios e ganhos exorbitantes.

Veja-se o caso das desinformações mais recentes sobre os dividendos EXTRAORDINÁRIOS da Petrobrás. A retenção desses dividendos para a garantia do equilíbrio financeiro da empresa com vistas à sustentação do seu plano de investimentos, estratégicos para o Brasil e sua população, colocou a “indústria” para funcionar. O mundo veio abaixo!

Logo difundiram realidade apocalíptica para a Petrobras, que de novo estaria sendo utilizada de forma criminosa pelo PT, com perdas de quase 100 bilhões no valor de mercado da empresa, e por aí vai….Na realidade, o lucro de 140 bilhões da Petrobrás em 2023 foi o segundo maior da história da Petrobras, e o 3º maior da história das empresas de capital aberto do país. Em todo o mundo, foi também o 3º maior lucro das petroleiras globais. Praticamente todos os meios da imprensa comercial aderiram à desinformação e, por conseguinte, gerando efeitos distorcivos na formação da opinião pública.

Saltando da Petrobras para o país, ninguém pode negar que os seus indicadores socioeconômicos melhoraram, e muito, a partir de 2023. Nesta semana foi divulgado que no primeiro ano do terceiro governo Lula, 13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome. Também na semana, o presidente Lula anunciou a construção de 100 novos campi de institutos federais.

De acordo com o IPEA a renda do trabalho teve forte crescimento no ano de 2023, de 11,7%; a maior desde 1995, o primeiro ano do Plano Real. Contra todas as previsões do mercado, a economia cresceu 2,9% em 2023, ou 4 vezes mais que o previsto. As grandes agências de rating reconhecem a trajetória virtuosa da economia brasileira e, junto com organizações multilaterais como o próprio FMI, chancelam grandes expectativas na manutenção dessa performance neste ano.

Temos o desemprego em queda; um programa de R$ 1.7 trilhão de investimentos, em execução; o resgate da credibilidade do Brasil no exterior; mudanças estruturais, em curso, visando a reindustrialização do país com a transição energética; e a recuperação e multiplicação de programas sociais em todas as esferas para atender as populações mais vulneráveis.

Portanto, ainda que não seja prudente subestimar a nova organização e escala do crime organizado virtual, com capacidade massiva de converter realidades sociais, não será a extrema direita e alguns tubarões do mercado que irão impedir a atual trajetória virtuosa do Brasil.

Artigo originalmente publicado no jornal O Liberal do dia 17 de março de 2024

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