O presidente em exercício Geraldo Alckmin fez nesta segunda-feira (13) a abertura da reunião ministerial pré-COP – último grande encontro antes da COP 30 que acontece em novembro – para alinhar posições políticas e técnicas sobre os desafios da agenda global do clima como financiamento climático, revisão das metas globais de transição energética e preservação da biodiversidade.
Na presença de ministros e 500 representantes de 67 delegações estrangeiras, Alckmin fez um chamamento para que a COP 30 seja marcada pela aceleração da implementação do Acordo de Paris, reforçou os compromisso do Brasil com o meio ambiente, cobrou comprometimento da comunidade internacional e citou o papa Francisco.
“Quero lembrar o papa Francisco na encíclica ‘Laudato Si’: Tudo está interligado, por isso exige-se uma preocupação pelo meio ambiente. Garantir que o progresso, seja ele científico, econômico ou tecnológico, nunca aconteça às custas do clima, da natureza ou da dignidade humana. É com esse olhar que o Brasil chega à COP”, assinalou o presidente em exercício, ao reforçar que a apresentação de metas climáticas pelos países é decisiva.
“Estamos comprometidos e esperamos o comprometimento da comunidade internacional”, salientou o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, interinamente na presidência porque o presidente Lula está em viagem a Roma, onde se encontrou com o Papa Leão XIV, no Vaticano, nesta segunda-feira (13) e fez o convite para a COP30.
Sinal decisivo
O Brasil tem cobrado dos demais países a apresentarem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (CNDs). Até a última sexta-feira (10), 62 países, dos 196 que fazem parte da Convenção do Clima e do Acordo de Paris, haviam apresentado suas ambições. China e Índia, considerados grandes emissores, ainda não oficializaram seus planos.
“A apresentação pelos governos de CNDs alinhadas ao objetivo de até 1,5°C do Acordo em Paris é sinal decisivo de seu compromisso com o combate à mudança do clima e o reforço do multilateralismo”, afirmou Alckmin na abertura do evento que termina nesta terça-feira (14) no Centro Internacional de Convenções do Brasil.
O secretário executivo da ONU para Mudança do Clima, Simon Stiell, também fez cobranças aos países. “As prioridades de todos precisam ser unificadas. O caminho até Belém é curto, mas o potencial é vasto. Vamos fazer cada hora valer. Agora devemos implementar plenamente a ação climática nas áreas nas quais mais conquistas podem ser feitas”, salientou.
Stiell apontou que as negociações precisam garantir o alcance dos objetivos de financiamento acordados no ano passado, a partir de um roteiro sobre como atingir a meta de US$ 1,3 bilhão anuais com o envolvimento necessário das instituições financeiras internacionais. A expectativa é ter pelo menos 100 CNDs e a presidência da COP 30 tem enviado consultas aos países para agilizar a apresentação das metas.
Marina aponta novos caminhos com a COP 30
A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, afirmou que a COP 30 em Belém vai ser marcada pela execução de acordos já firmados, como o Acordo de Paris. Ela reiterou que é preciso resgatar a confiança no multilateralismo climático.
“Que o Balanço Ético Global e os demais círculos de mobilização da COP 30 possam contribuir para que ela ajude a viabilizar um novo marco referencial. A COP 30 será um lastro para novos caminhos e novas maneiras de caminhar”, destacou Marina.
Financiamento para países em desenvolvimento
Coordenador do Círculo de Ministros de Finanças, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou três iniciativas: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a integração dos mercados de carbono e a chamada “supertaxonomia”.
“Essas iniciativas traduzem de forma prática o que o círculo tem defendido, quais sejam, cooperação, inovação e a escala para transformar ambição em resultados concretos”, disse o ministro ao apresentar as cinco prioridades para ampliar o financiamento aos países em desenvolvimento no combate às mudanças climáticas.
São elas: aumento dos fluxos de financiamento concessional e os fundos climáticos, reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, tornando-os mais ágeis, e o fortalecimento das capacidades domésticas e as plataformas de país, ampliando a coordenação institucional e a atratividade de investimentos sustentáveis.
Haddad acrescentou ainda a promoção da inovação financeira e mobilização do setor privado, com instrumentos para redução de riscos e compartilhamento dos recursos disponíveis, além do aprimoramento dos marcos regulatórios do financiamento climático, garantindo integridade e transparência.
Transição energética ‘vivenciável’
Ainda em sua ala na abertura do evento em Brasília, Geraldo Alckmin destacou o papel do Brasil na transição energética e no combate às mudanças climáticas. Mais de 80% da matriz elétrica brasileira é renovável e o país quer seguir sendo referência nas questões ambientais. “Somos o exemplo de que a transição energética é factível. Vivenciável”, ressaltou.
O presidente em exercício destacou que a presidência brasileira da COP propõe três objetivos centrais: reforçar o multilateralismo no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas, conectar o regime climático à vida real das pessoas e acelerar a implementação do Acordo de Paris.
Ao final, Alckmin falou da necessidade de unir avanços tecnológicos e compromissos ambientais. “Nessa nova era tecnológica e ambiental, precisamos aplicar o princípio da responsabilidade ética voltada para o futuro”, salientou, ao citar o programa Mover que incentiva a mobilidade verde e a produção de veículos sustentáveis.
Fonte: Redação PT, com portais Terra, Ansa e Vermelho
