Alta do preço do gás: sobe o número de brasileiros queimados com álcool

Bolsonaro condena 33 milhões de brasileiros e brasileiros à fome e à insegurança alimentar. Somado a esse cenário com a alta dos preços dos alimentos, de combustíveis e do gás de cozinha, o número de vítimas queimadas por trocarem o gás por lenha aumentou em 43% no período de um ano.

No Rio de Janeiro, o Hospital Estadual Alberto Torres, referência no tratamento de queimaduras, o número de internações subiu 43% em 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. Conforme os médicos, o aumento da pobreza é uma das explicações para esses acidentes.

O preço do gás de cozinha subiu 29,39% nos últimos 12 meses, bem acima da inflação no período (11,73%). O preço médio do botijão no país está em R$ 112, quase 10% do salário mínimo.

 

Para o deputado federal Carlos Zarattini (PT/SP) o aumento no número de pessoas que sofrem acidentes com queimaduras de segundo e terceiro graus é reflexo do governo de Bolsonaro.

“Esses acidentes acontecem porque o preço do gás não para de aumentar e as pessoas não conseguem mais comprar o botijão. Nós aprovamos o auxílio-gás, um projeto de minha autoria, que garante o subsídio de 50% para o gás de cozinha, que deveria atender 24 milhões de famílias, mas Bolsonaro reduziu para cinco milhões. Estamos lutando para ampliar, para que as pessoas recebam esse auxílio para a sua sobrevivência, com garantia alimentar e física”.

 

24 milhões de toneladas de lenha

O uso de lenha na casa das famílias brasileiras foi maior do que o uso de gás de cozinha em 2021, quando 24 milhões de toneladas de lenha foram utilizadas como fonte de energia pelo povo brasileiro. A perda do poder de compra dos brasileiros está entre as justificativas pela troca da matéria-prima.

Conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), compilados pelo Poder360 em 2021, o uso de lenha representou 26% da matriz energética residencial. O GLP (gás liquefeito de petróleo) ou “gás de cozinha” representou 23% do total.

Em entrevista para o Poder360, o coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), William Nozaki, a trajetória de crescimento da lenha acompanha a redução do uso do GLP.

“Em condições econômicas ideais, o espaço ocupado pela lenha deveria ser ocupado pelo gás. O que houve a partir de 2016 foi, exatamente, a substituição do gás pela lenha”, afirmou.

Os dados da EPE mostram que o uso da lenha estava em declínio entre 2007 e 2013. Nos anos seguintes, a fonte voltou a crescer em números absolutos, com maior aumento em 2018, de 12% na comparação com o ano anterior.

O economista explica que assim como o diesel e a gasolina, o governo Bolsonaro tem a 2ª maior alta acumulada do GLP desde a abertura do mercado de refino no Brasil. Em 2021, os preços aumentaram 33,2%. O percentual está pouco abaixo da alta acumulada em 2002, quando a liberdade de preços foi adotada. Em 2º lugar na disputa eleitoral, Bolsonaro propôs que os Estados zerem o ICMS sobre os combustíveis, incluindo o GLP, até o final do ano. Se aceitarem, serão compensados com repasse total de R$ 29,6 bilhões.

Na última sexta-feira, 17, a Petrobras anunciou reajuste de 5,1% para a gasolina e de 14,2% para o diesel. A gasolina já acumula alta de 31% neste ano e o diesel, de 68%. O Partido dos Trabalhadores (PT) convocou os ministros ministros da Economia, Paulo Guedes, e o de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, para explicarem alta de combustíveis na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Da Redação, com informações do Poder 360 e G1

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