Gleisi: “Não é subindo juros e cortando benefícios do povo que vamos conter a inflação”

Presidenta do PT desmente fake news de que a inflação, gerada pela crise climática, justificaria o arrocho fiscal sonhado pela Faria Lima. E manda recado: “Lula foi eleito pelo povo e não pelo mercado”.

A presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), denunciou, nesta sexta-feira (8), a mais nova manobra do capital financeiro para enquadrar o governo Lula em uma agenda de austeridade fiscal completamente nociva ao desenvolvimento do país. Por meio da rede X, Gleisi criticou a última narrativa da Faria Lima, já incorporada por colunistas da grande mídia: a de que a inflação no Brasil pode levar a um desfecho parecido com o das eleições presidenciais americanas. Por essa visão, o IPCA atual (em 4,76%, no acumulado de 12 meses) justificaria um arrocho fiscal, como se já não bastasse a asfixia monetária praticada pelo bolsonarista Campos Neto no Banco Central.

“O mercado está assanhado com o aumento do IPCA e dá-lhe pregar que precisa fazer urgente um pacote de cortes no orçamento do governo para conter a inflação”, escreveu Gleisi.

Gleisi questionou a narrativa de que cortes orçamentários são a solução, destacando que a inflação no Brasil é impulsionada por fatores externos e não pela demanda interna. Segundo o IBGE, os preços da energia elétrica residencial subiram devido à seca, afetando os grupos de habitação e alimentação. “Esse aumento, por sua vez, provocou alta nos grupos habitação (1,49%) e alimentação e bebidas (1,06%), que também foram impulsionados pelo aumento do preço das carnes (5,81%)”, afirmou a petista, citando matéria da Folha de S. Paulo.

“O que têm a ver os cortes no orçamento do governo com o combate à inflação? Para reduzir o poder de compra da população estimulado pelos programas sociais e pela Previdência?”, questionou a petista.

A deputada argumentou que a inflação é de oferta, causada pela crise climática e pela valorização do dólar, e que cortar o orçamento não resolverá o problema. Ela defendeu a necessidade de o Banco Central agir para conter o dólar: “Não é aumentando os juros e cortando benefícios do povo para pagar essa conta que vamos conter inflação. O mais urgente é o BC atuar no mercado de câmbio, o que ele pode e tem a obrigação de fazer. Vamos lembrar aqui que foram 127 intervenções nesse mercado durante o governo Bolsonaro e apenas 2 durante o governo Lula”, disparou.

Gleisi também sugeriu a revisão de subsídios e desonerações fiscais que atingem mais de R$ 500 bilhões, além da redução da taxa Selic, que alimenta a dívida pública em bilhões de reais. Ela também criticou despesas desproporcionais do Judiciário e Legislativo, afirmando que a população não deve pagar novamente pela crise climática.

A presidenta do PT apoiou a atuação de Lula diante das pressões do mercado: “Tá errada essa ciranda e o presidente Lula tem toda razão em criticar e agir com cautela e responsabilidade diante de toda essa pressão. Foi eleito pelo povo e não pelo mercado.”

 

 

O líder do governo na Câmara, deputadJosé Guimarães (PT-CE), também expressou seu repúdio ao que considera um ataque inadmissível do mercado à população vulnerável. Guimarães destacou que o governo está comprometido em proteger direitos sociais e econômicos conquistados, e que não se curvará a pressões externas que buscam desestabilizar o projeto político consagrado nas urnas em 2022.

“O governo, no seu tempo, fará as correções e mudanças necessárias nos programas em execução, sem comprometer seu compromisso com o Estado de Bem-Estar Social”, reagiu o deputado. Não se submeterá à pressão indevida daqueles que buscam enfraquecer o governo e minar a legitimidade do programa vitorioso nas urnas. Isso é uma afronta ao desejo majoritário do povo brasileiro, que elegeu o presidente Lula para promover as mudanças que considera necessárias”, concluiu.

Fonte: Redação PT na Câmara

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