A cada seis horas, uma brasileira é vítima de feminicídio no país, sendo as mulheres negras mais de 60% dos casos. Em 2023, o Brasil contabilizou 1.463 feminicídios, número 1,6% superior ao do ano anterior. Ciente do recrudescimento da violência de gênero, o Ministério das Mulheres (MM) lançou a campanha “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). A primeira peça informativa foi divulgada nesta terça-feira (20).
Intitulado Ajuda, o filme de 30 segundos atenta o telespectador para os dados alarmantes no Brasil e o ensina a como agir em casos de violência contra as mulheres. “Acolha a mulher e ajude com informação. Não tolere comportamentos agressivos contra ela. E, principalmente, denuncie”, recomenda o vídeo.
A campanha do MM foi lançada há duas semanas, em 7 de agosto, dia em que a Lei Maria da Penha – marco legal na luta contra o feminicídio no país – completou 18 anos. A mobilização invadiu os estádios de futebol, com ações de conscientização dos torcedores, incluindo durante os jogos, por meio de telões de LED em torno dos gramados.
A parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ) e com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já alcançou, até o momento, partidas entre Vasco e Fluminense, entre Flamengo e Palmeiras e entre Remo e Londrina. Mais certames de futebol ao longo do calendário esportivo devem abraçar a campanha contra o feminicídio.
Mobilização nacional
Em recente entrevista à Rádio Gov, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves (PT), explicou como vai funcionar a campanha. “A proposta é uma mobilização nacional, nos moldes do que o Betinho fez na década de 1990, com o ‘Fome Zero’. É envolver as pessoas, fazer com que as pessoas, primeiro individualmente, elas sintam a necessidade de se indignar e, depois, elas façam alguma coisa”, pontuou.
A titular da pasta também esteve no estádio Nilton Santos, no domingo (18), para acompanhar a divulgação do governo federal durante o clássico Botafogo e Flamengo, pela Série A do Campeonato Brasileiro. “Nós precisamos que os homens estejam mobilizados”, lembrou Cida.
À apresentadora Poliana Régia, do programa Café PT, a secretária nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), Anne Moura, falou do enfrentamento à violência de gênero no país, do incentivo que a Secretaria de Mulheres do partido tem dado às candidaturas femininas nas eleições municipais de outubro e criticou o Projeto de Lei (PL) 1904/2024, o polêmico “PL do aborto”.
“Enquanto a gente tiver um Congresso em que homens querem decidir sobre os nossos corpos, sobre os nossos direitos, sem que nós, mulheres, tenhamos a oportunidade, pelo menos, de nos defender, a gente ainda vai estar falando desse lugar”, lamentou. “Porque eles querem decidir sem saber qual é o lugar de quem já foi violentada, de quem já sofreu abuso, quem foi estuprada.”
Em caso de violência contra a mulher, ligue 180.
Por: Partido dos Trabalhadores, com informações de Ministério das Mulheres, Rádio Gov