Decisão do Copom é uma escolha contra o povo brasileiro

*Por Julimar Roberto

A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de interromper o ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic) e mantê-la em 10,50% ao ano foi um duro golpe para a economia brasileira e, principalmente, para a população. O presidente Lula expressou suas duras críticas a essa decisão, enfatizando que ela beneficia apenas os especuladores financeiros, enquanto prejudica a produção e o desenvolvimento do país.

É notório que a decisão do Copom favorece o sistema financeiro e os especuladores que lucram com os altos juros. Enquanto isso, a população sofre com menos investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e habitação. A manutenção de juros elevados apenas perpetua a desigualdade, concentrando riqueza nas mãos de poucos e deixando a maioria da população à margem.

Os gastos do governo com o pagamento dos juros da dívida pública são exorbitantes e prejudicam diretamente as políticas públicas. Em 2023, foram pagos bilhões de reais em juros. Esse dinheiro poderia ser investido em melhorias significativas para a população, como o aumento do salário mínimo ou melhorias na educação e na saúde. No entanto, parece que o sistema financeiro é sempre priorizado em detrimento do bem-estar social.

A autonomia do Banco Central, garantida por uma lei aprovada durante o desgoverno de Bolsonaro, permite que figuras alinhadas com políticas econômicas conservadoras continuem no comando do órgão. Isso cria um ambiente onde decisões que deveriam ser técnicas são, na verdade, politicamente tendenciosas. A autonomia deveria servir aos interesses do povo brasileiro, não aos interesses do mercado financeiro.

Diversas entidades representativas do setor produtivo também criticaram a decisão do Copom. Elas reconhecem que a inflação está sob controle e que a manutenção de juros tão elevados apenas sufoca o crescimento econômico, gerando reflexos negativos sobre o emprego e a renda. A alta taxa de juros real no Brasil, uma das maiores do mundo, desestimula investimentos essenciais para o desenvolvimento sustentável do país.

A postura do Banco Central precisa urgentemente ser revista. A manutenção de juros elevados impede investimentos essenciais, sufoca o setor produtivo e limita o crescimento econômico. O Brasil precisa de uma política monetária que priorize o desenvolvimento sustentável e inclusivo, beneficiando a economia real e o povo trabalhador.

O país tem um enorme potencial de crescimento, que está sendo desperdiçado por decisões que favorecem apenas uma pequena elite financeira. O governo deve continuar a lutar por uma economia que beneficie a todos, investindo em áreas que realmente importam para a população. Somente assim o Brasil poderá alcançar um desenvolvimento justo e equilibrado, onde todos tenham a oportunidade de prosperar.

*Julimar é comerciário e presidente da Contracs-CUT

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