O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal (PF) sobre seu envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022, para se manter no cargo e impedir a posse de Lula, será na próxima quinta-feira, 22, na sede da PF em Brasília às 14h30, sem chance de escolha de outra data e horário.
Ao negar o pedido de Bolsonaro para adiar a oitiva, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes escreveu: “Não lhe compete escolher a data e horário de seu interrogatório”. O depoimento ocorrerá três dias antes do ato que Bolsonaro convocou para o próximo domingo, 25, em São Paulo, em mais uma clara tentativa de golpe.
Moraes argumentou também que Bolsonaro já teve acesso ao conteúdo dos celulares apreendidos pela operação Tempus Veritatis, deflagrada dia 8 de fevereiro, quando o ex-presidente teve que entregar seu passaporte. Na mesma operação, a PF prendeu o presidente do Partido Liberal, Waldemar da Costa Neto, um dos nove a serem ouvidos pela PF, além de Bolsonaro, na próxima quinta-feira, 22.
São eles: general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro em 2022; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Mário Fernandes, ex-chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência da República; Tércio Arnauld, ex-assessor de Bolsonaro e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro.
“Chegou a hora! O inelegível terá que depor por tramar uma tentativa de golpe de Estado com a ajuda de ministros, assessores e militares membros do seu governo”, afirmou presidenta do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR) em seu perfil no Instagram.
Na oitiva, Bolsonaro será questionado sobre a reunião de 5 julho de 2022, cujo vídeo foi encontrado pela PF no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em que se falou em “virar a mesa” e também sobre a minuta de decreto golpista que previa prender Alexandre de Moraes e a convocação de novas eleições.
Hora da verdade: julgar e punir Bolsonaro e todos os comandantes do golpe
“Visita à PF! Sem ter como sair do país, Bolsonaro terá que prestar depoimento sobre a trama golpista que envolveu membros do governo e militares. O dia de depor será dia 22! O medo é tanto que ele já pediu adiamento. Para golpista, a justiça e a lei”, sentenciou o secretário de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto na rede X.
🚨 VISITA À PF!
Sem ter como sair do país, Bolsonaro terá que prestar depoimento sobre a trama golpista que envolveu membros do governo e militares.
O dia de depor será dia 22! O medo é tanto que ele já pediu adiamento.
Para golpista a justiça e a lei.https://t.co/sdGXpLCAVJ
— Jilmar Tatto (@jilmartatto) February 19, 2024
Para o deputado federal Bohn Gass (PT-RS), Bolsonaro está apenas querendo ganhar tempo ao alegar que não teve acesso aos autos do inquérito. “Ora, não tem nada lá que ele não estivesse cansado de conhecer, de manusear e até de mandar alterar. Conta outra”, escreveu ele na rede X. A reunião de 05/07/2022, segundo Bohn Gass, não foi a única a tramar o golpe.
“Outras várias, com quase os mesmos personagens – Bozo, o alto comando das Forças Armadas, mais meia dúzia de baba-ovos – aconteceram. Só em setembro de 2022, por exemplo, foram duas. Golpe, sim! Crime, sim!”,
Para ganhar tempo, Bolsonaro pede que a Polícia Federal adie seu depoimento sobre o golpe. Alega que não teve acesso aos autos do inquérito. Ora, não tem nada lá que ele não estivesse cansado de conhecer, de manusear e até de mandar alterar. Conta outra.
— Bohn Gass (@BohnGass) February 19, 2024
Sobram provas do plano de golpe de Estado
O trabalho de investigação da PF partiu da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o assessor mais próximo de Bolsonaro, e também das informações encontradas em seu celular e computador. Todas as informações e provas colocaram o ex-presidente no epicentro da trama golpista.
No vídeo encontrado pela PF no computador de Cid sobre a reunião dia 5 de julho de 2022, Bolsonaro pediu aos seus ministros que não esperassem pelo resultado da eleição para só então agir, numa tentativa desesperada instiga-los a efetivar meios de se manter no poder.
Em determinado ponto da reunião, o general Augusto Heleno, que era chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chega a defender uma “virada de mesa” antes do resultado das eleições diante das pesquisas que mostravam o presidente Lula na frente.
Como se não bastassem todas essas provas, a PF encontrou no gabinete de Bolsonaro, na sede do seu partido em Brasília, uma minuta com teor golpista que teria sido revisada por ele, anunciando a decretação de estado de sítio e deflagração de operação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Todos os fatos apurados pela PF configuram crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Para a PF, diz a matéria do site Carta Capital, a reunião de 5 de julho de 2022 “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e as instituições”.
Da Redação PT