Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) defendeu a abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por quebra de decoro ao comparar professores a traficantes durante ato pró-armas em Brasília no domingo, 9 de julho.
“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo o tipo de relação”, disse o deputado.
Quinze deputados da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) também apresentaram à Procuradoria-Geral da República (PGR), comunicação de fato criminoso contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por fala comparando professores a traficantes, de acordo com o site do PT na Câmara.
“Mais uma vez, a sociedade brasileira e os professores, em especial, se veem agredidos pela intolerância e pelo ódio já costumeiro que baliza as posições e as ações do deputado (Eduardo Bolsonaro)”, diz a petição ao procurador-geral da República, Augusto Aras (leia a matéria na íntegra).
Abaixo-assinado contra os ataques
Diante das manifestações classificadas como “grotescas”, a CNTE lançou abaixo-assinado e nota pública em que pede que os ataques do parlamentar contra professores sejam apurados, condenados e que ele tenha seu mandato cassado. Na nota, a CNTE apontou que as declarações “constituem verdadeira incitação e apologia ao crime”, conforme artigos 286 e 287 do Código Penal Brasileiro e comunicou que acionará o procurador-geral da República para que denuncie o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF).
“O Brasil vive um momento em que as escolas e seus profissionais passaram a sofrer forte ataque de alas reacionárias da sociedade, representadas pelo clã bolsonarista e por outros segmentos conservadores. E a escalada da violência nas escolas decorre, em grande parte, de manifestações grotescas como as do último domingo”, destacou a CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de trabalhadores das escolas públicas.
O ministro da Justiça, Flávio Dino determinou que a Polícia Federal analise o discurso de Eduardo para “identificar indícios de eventuais crimes, notadamente incitações ou apologias a atos criminosos”, escreveu o ministro no Twitter.
Assim como o CNTE, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) e Beatriz Cerqueira, deputada estadual (PT-MG), ambos professores, também solicitaram ao MPF a abertura de um inquérito contra Eduardo Bolsonaro por calúnia, difamação e incitação ao crime. “O discurso potencializa a criminalização contra a atividade do docente e estimula atos de violência física e verbal contra os professores dentro das escolas, contribuindo com o aumento da violência e colocando em risco a vida e segurança de toda a comunidade escolar, como um todo”, afirma a representação dos deputados professores.
Da Redação do PT, com site da CUT e PT na Câmara