Gleisi denuncia: juros altos são a última trincheira do bolsonarismo

Taxa de juros, que Banco Central nomeado por Bolsonaro insiste em manter a 13,75%, impede investimentos, geração de empregos e elevação do salário mínimo, além de encarecer contas como a do cartão de crédito 

O presidente Lula voltou a denunciar, na segunda-feira (6), durante a posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), que a alta taxa de juros estabelecida pelo Banco Central, cuja diretoria foi indicada por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, atrapalha a recuperação econômica e, logo, a melhoria de vida do povo brasileiro.

“Não tem explicação para que a taxa de juros esteja a 13,75%. Como é que eu vou pedir para o Josué (Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) fazer com que os empresários ligados à Fiesp invistam se eles não conseguem tomar dinheiro emprestado?”, questionou Lula.

E acrescentou: “A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, precisa aprender a reclamar de juros altos. Se a classe empresarial não se manifestar, se as pessoas acharem que vocês estão felizes, eles não vão baixar juros. E não é só o Lula que tem que brigar, é a sociedade brasileira. Não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja neste momento a 13,75%. (…) A sociedade brasileira precisa compreender que a economia precisa voltar a crescer”.

Imediatamente, os “analistas” da grande mídia se uniram para criticar Lula e defender a política do Banco Central. Essa reação fez com que a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, apontasse que o debate aberto por Lula está sendo silenciado. 

Em vez de ouvir economistas com diversas visões, a imprensa prefere apenas defender a visão que agrada os endinheirados, deixando claro que a taxa de juros é “a última trincheira do bolsonarismo no poder”, como definiu Gleisi.

“Impressionante como querem censurar Lula de falar sobre juros e Banco Central. Ele nunca teve como prioridade mexer com o BC, mas não pode se calar diante de um juro criminoso, q não encontra justificativa na realidade econômica brasileira. Essa parece a última trincheira do bolsonarismo no poder”, escreveu a presidenta do PT no Twitter.

Gleisi não exagera ao chamar de criminosa a taxa de juros praticada hoje no Brasil. Vejamos por quê:

1. O Brasil tem hoje a maior taxa de juros real do mundo

A taxa de juros real é a taxa de juros menos a inflação. Como a inflação de 2022 ficou em 5,79%, basta subtrair esse índice de 13,75%. Assim, a taxa de juros real do Brasil está em 8,16%. A segunda mais alta é a do México, bem mais baixa que a do Brasil: 5,39%.

2. A taxa de juros mexe com a vida de todos

A taxa de juros estabelecida pelo Banco Central, chamada de Selic, serve de guia para todas as outras taxas no Brasil. Assim, se ela sobe, toda a população fica prejudicada.

Veja o que disse o economista Eduardo Moreira nesta terça-feira: “É uma coisa que nos prejudica no nosso dia a dia, porque o crédito que a gente toma é mais caro, o cartão de crédito é mais caro e o crédito direto ao consumidor também é mais caro. A economia anda mais devagar, as pessoas têm menos emprego, então seria natural que a gente questionasse, seria natural que a gente cobrasse de um presidente da República, que isso fosse questionado. Mas, no momento em que ele questiona, a mídia vem e vem de um jeito atropelado, que escancara o partido que a mídia toma” 

3. Com juros tão altos, empresários não investem

Como disse Lula, não se pode esperar que os empresários invistam (e os investimentos são necessários para criar empregos) se pegar dinheiro emprestado no banco está tão alto.

4. Os juros altos também atrapalham o governo de investir e de aumentar o salário mínimo

Se os empresários não investem, o governo deve investir para fazer a economia sair da paralisia. Mas, quando os juros sobem, o governo passa a ser obrigado a dar mais dinheiro para pagar os juros e as parcelas da dívida pública, reduzindo sua capacidade de investimento.

A economista Monica De Bolle mostrou em artigo de 14 de janeiro que, ao subir a taxa de juros de 2%, no início de 2021, para 13,75%, em agosto de 2022, o Banco Central fez com que a despesa do governo com a dívida pública saltasse de 2% do PIB para 10% do PIB, ou de  R$ 135 bilhões para R$ 920 bilhões por ano.

Ou seja, é dinheiro que deixa de ir para investimento, geração de empregos e valorização do salário mínimo para ir direto no bolso de gente rica que tem os títulos da dívida do governo.

Fonte: Site PT

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