A posse do lucro e a socialização do prejuízo

Por Paulo Cayres*

A notícia do bilionário rombo das Lojas Americanas, 47 bilhões em dívidas , escondidos em manobras contábeis ao longo de muitos anos, tem menos destaque na mídia nacional do que o desvio de recursos por uma universitária da USP para a festa de formatura da turma de medicina, fato que deve ser condenado mas que nem de longe se compara com o enorme prejuízo produzido pela empresa dos bilionários , Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil e seus sócios na 3 G, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Na esteira desse escândalo, pouco divulgado pela mídia nacional, 100 mil trabalhadores e trabalhadores diretos e indiretos tem seus empregos e seus direitos em risco, loja s já começam a ser fechadas e pessoas demitidas.

Muitas  empresas, fornecedoras das mais de mil lojas da Americanas enfrentarão dificuldades podendo inclusive falir, com mais demissões e consequente prejuízos a economia nacional.

O desastre não para por ai, a Ambev a maior cervejaria do mundo, pertencente ao grupo dos bilionários , pode estar também envolvida em manobras contábeis escondendo um enorme rombo fiscal, segundo notícias recentes, a pergunta é: será esse um método do grupo, quantas empresas  ligadas a eles poderão esconder problemas semelhantes.

Uma investigação rigorosa que apure as responsabilidades e obrigue os bilionários a usarem suas fortunas de bilhões para cobrir o rombo, ou rombos, tem que ser efetivada com rapidez para minimizar os efeitos nocivos do desastre causado, preservando as empresas os empregos e evitando a falência de uma enorme cadeia de fornecedores.

Vale lembrar que durante todo o tempo em que essa enorme fraude era perpetrada , os acionistas receberam gordos dividendos, mais um assunto que deve ser esclarecido com rigor.

A cara de pau dos bilionários e tão grande que soltaram uma nota, que é um verdadeiro acinte, dizendo que não sabiam de nada e que também foram prejudicados pela descoberta das manobras contábeis.

Grandes bancos estão se movimentando para salvar seus créditos com a empresa, mas os milhares de acionistas minoritários prejudicados, que muitas vezes investiram suas economias acreditando na solides do grupo e no fato de os bilionários famosos serem os acionistas de referência da empresa, vão ficar no prejuízo, assim como milhares de fornecedores e trabalhadores/as , a punição a essa prática tem que ser rápida eficaz e exemplar, além do empenho dom patrimônio dos bilionários para cobrir os prejuízos, as penas legais cabíveis tem que ser aplicadas.

Um alerta a toda a sociedade brasileira precisa ser feito, esse é o grupo que comprou a Eletrobras na bacia das almas na privatização do sistema elétrico nacional promovido pela dupla Guedes/Bolsonaro, o que coloca em risco todo o fornecimento de energia em todo o território nacional, o prejuízo pelos métodos do grupo para a sociedade brasileira podem ser ainda maiores e difíceis de mensurar, o governo Lula precisa ficar atento para o caso e quem sabe até reestatizar a empresa para garantir que a energia elétrica continue chegando normalmente a todo o sistema produtivo nacional a casa de cada brasileiro e brasileira.

*Paulo Cayres é secretário Sindical Nacional do PT

 

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