Obra de Bolsonaro: carestia de alimentos é a maior em 28 anos

Desde o início do Plano Real a inflação de alimentos e bebidas acumulada em nove meses não era tão alta. “Vamos reescrever essa história”, garante Lula

Por mais que Jair Bolsonaro e seu ministro-ilusionista Paulo Guedes tentem falsear a realidade, ela sempre se impõe. Após o chefe do Executivo sabotar por quase quatro anos as políticas públicas de segurança alimentar implantadas com sucesso pelos governos do PT, a inflação de alimentos neste ano é a maior desde o início do Plano Real.

No cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Economia e Estatísticas (IBGE), o grupo Alimentação e bebidas acumula inflação de 9,54% de janeiro a setembro. É a maior alta para o período em 28 anos, revela reportagem da Folha de São Paulo.

“Trata-se do avanço mais intenso para o acumulado de janeiro a setembro desde 1994 (915,08%), quando o Brasil ainda vivia o reflexo da hiperinflação”, constata a reportagem. O IPCA acumulado no ano também é de 9,54%. Em 12 meses, é de 11,71%. Analistas avaliam que os alimentos tendem a ficar em patamar elevado até 2023.

Vulnerável por ação deliberada do desgoverno Bolsonaro, o Brasil sofre os efeitos de extremos climáticos, pressão de custos de produção gerada por fatores externos e uma agropecuária de larga escala voltada para a exportação de commodities. Enquanto os agricultores familiares, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à mesa das famílias brasileiras, sofrem perseguição insana e perversa do bolsonarismo.

Além de comer menos, povo está comendo mal

Apesar de todas as manobras e maquiagens do Ministério da Economia, o “dragão da inflação” – termo ressuscitado nesses anos de Bolsonaro – continua ativo. “O diagnóstico ainda é de uma inflação alta”, diz na Folha o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos. “É uma inflação que tem impacto importante, que pesa na vida das pessoas. Elas percebem isso.”

Não só percebem como lutam para se adaptar às condições adversas, com prejuízo da própria saúde. Além de comer menos, a maioria dos brasileiros está se alimentando mal, trocando alimentos naturais por ultraprocessados. É o que revela estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP).

Para vice-coordenadora do Nupens, Patrícia Constante Jaime, esse é o resultado da ação nefasta de Bolsonaro, com o desmonte das políticas públicas de segurança alimentar e a carestia dos alimentos. “Não há dúvidas de que esse contexto alterou a alimentação da população brasileira, possivelmente refletindo no aumento do consumo de alimentos ultraprocessados”, afirmou em entrevista à Marco Zero Conteúdo.

Conforme a pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em setembro, apenas 5 das 17 metrópoles pesquisadas tinham cesta básica abaixo de R$ 600, o valor do Auxílio Brasil de Bolsonaro, defasado pela inflação. As cinco estão no Nordeste: Aracaju (R$ 518,68), Salvador (R$ 560,31), João Pessoa (R$ 562,32), Recife (R$ 580,01) e Natal (R$ 581,53).

Pesquisa publicada pela Rede Ticket revela ainda que a média de consumo de alimentos para os brasileiros está em R$618,00. Isso representa mais de 50% do salário mínimo (R$1.212,00) – também defasado, pois Bolsonaro jamais o reajustou acima da inflação, como ocorreu nos governos de Lula e Dilma.

“O povo sabe que a volta da fome, o desemprego recorde, a inflação fora de controle, os preços abusivos dos alimentos, do gás e da energia elétrica, a destruição das políticas de inclusão, o endividamento das famílias e a violência política, todo esse sofrimento provocado pelo atual governo faz parte de uma das páginas mais infelizes da nossa história. E nós vamos juntos reescrever a história”, disse Luiz Inácio Lula da Silva na Superlive de 26 de setembro.

“Vamos voltar a investir nos pequenos e médios produtores rurais e na agricultura familiar, para garantir a produção de alimentos saudáveis, de melhor qualidade e mais baratos”, afirmou Lula. “As nossas crianças vão voltar a ter merenda de qualidade, em grande parte comprada de agricultores familiares e de pequenos produtores rurais, como acontecia nos nossos governos”, finalizou o presidente mais popular da história.

Da Redação

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