Com mais um Dia Mundial da Alimentação se aproximando, é importante lembrar que o Brasil já mostrou ser possível vencer a fome, mazela que voltou a assolar o país depois do golpe de 2016
“A fome não é um fenômeno da natureza, a fome é um fenômeno da falta de vergonha na cara de quem governa este país. Porque nós mostramos que é possível acabar com ela.” A frase, pronunciada por Lula durante entrevista a uma rádio de Mato Grosso, no último 29 de setembro, revela aspectos fundamentais sobre essa mazela que, após o golpe de 2016, muito antes da pandemia de Covid-19, voltou a assolar a população brasileira.
O primeiro aspecto é que a fome não pode ser considerada algo natural ou inevitável, um simples resultado da falta de alimentos. Não. Alimentos há de sobra no mundo e, especialmente, no Brasil, um dos maiores produtores de comida do planeta. O que leva a um segundo ponto: a fome só surge quando os governantes não se empenham em combatê-la. Por fim, a frase de Lula recorda algo que nunca deve ser esquecido: o Brasil já venceu a fome, logo não pode, jamais, aceitar que ela volte a existir, como existe agora para mais de 19 milhões de pessoas.
O ano era 2014, e a Organização das Nações Unidas (ONU) publicava mais uma edição do relatório O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, que mede a fome de acordo com o Indicador de Prevalência de Subalimentação. Segundo o relatório, o número de brasileiros subalimentados havia caído 82%, entre 2002 e 2013, e representava naquele momento menos de 5% da população. E, por isso, o país não constava mais no Mapa Mundial da Fome. Com a proximidade de mais um Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, torna-se bastante oportuno relembrar como o Brasil alcançou esse feito histórico.
Como o Brasil se livrou da fome?
Em abril deste ano, Daniel Souza, filho de Betinho e presidente da ONG Ação da Cidadania, respondeu a pergunta acima, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, da seguinte forma: “Gostaria que a resposta fosse complexa ou sociológica, mas não é: bastou vontade política”. E quem teve essa vontade foi o presidente Lula e, depois, sua sucessora, Dilma Rousseff.
Combater a fome foi o primeiro compromisso assumido por Lula assim que se tornou presidente da República, em 1º de janeiro de 2003. A partir daquele momento, o governo começou a trabalhar para garantir duas coisas, essencialmente: 1) que o pequeno e médio agricultor, que, de fato, produzem os alimentos que vão para a mesa dos brasileiros, tivessem apoio e jamais houvesse escassez de comida; e 2) que a população mais pobre tivesse renda suficiente para comprar esse alimento.