Menos imposto para quem ganha pouco, mais justiça para quem lucra muito

Por Julimar Roberto*

 

Serão, verdadeiramente, novos tempos? A recente vitória que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês e reduz gradativamente a tributação para quem recebe até R$ 7.350 encarna esse reencontro entre Estado e cidadania.

Quem ganha menos, agora, terá fôlego financeiro. Quem ganha muito, finalmente começa a pagar sua parte no esforço coletivo. Esse é o principal ponto da justiça tributária — e, de certo modo, da democracia social.

Mais do que um ajuste técnico na tabela do IR, trata-se de uma decisão política que reconhece que os trabalhadores e trabalhadoras são os primeiros agentes de desenvolvimento e merecem ganhar mais do que migalhas de oxigênio financeiro. A cartilha do governo mesmo realça que “menos imposto, mais poder de compra!” para milhões de brasileiros e brasileiras.

Não se trata de doar, mas de devolver o que o sistema injusto acumulou pelo caminho em décadas de defasagem da tabela, de impostos que cresceram para quem menos podia pagar e de privilégios que se repetiam para quem já era privilegiado. A proposta aprovada na última quarta-feira (5) corrige distorções cruciais — e coloca o Brasil em rota de um novo contrato social, no qual a riqueza não se distribui sozinha, mas por decisão de política pública.

Há limites e desafios a cumprir. Que a isenção entre em vigor em 2026, conforme previsão, sinaliza que não haverá milagres imediatos — mas marca uma virada de paradigma. Que o mecanismo de compensação da arrecadação, por meio da taxação das rendas mais elevadas, funcione de fato, evitando que o benefício aos muitos se transforme em um buraco fiscal utilizado para favorecer poucos.

Para nós, que acreditamos num Brasil com dignidade e igualdade de oportunidades, este momento merece aplauso — não apenas pelo simbolismo, mas pela concretude. O Governo Lula acolhe, ao menos em parte, a tese de que a economia só prospera quando a base trabalha e consome, quando o Estado fortalece o trabalho e não apenas o capital.

Mas a luta não é apenas por menos impostos. É por mais direitos. É por um país onde o trabalhador e a trabalhadora não sejam invisíveis — mas protagonistas. É por um sistema tributário que sirva à maioria e não ao 1%. Que venha, portanto, esta justiça tributária. Que seja apenas o começo.

 

* Julimar é comerciário e presidente da Contracs-CUT

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